sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Grande lançamento de livro de poesias

No dia 05 de setembro será lançado, no Espaço de Cultura e Solidariedade Vanda Cardoso, o livro de poemas que marca a estreia do escritor paraense Júlio Araújo Miragaia. 


No dia 05 de setembro será lançado, no Espaço de Cultura e Solidariedade Vanda Cardoso, o livro de poemas de estreia do escritor paraense Júlio Araújo Miragaia. 

"O Estrangeiro de Pedras e Ventos" é uma compilação de 21 poemas produzidos pelo autor entre os anos de 2006 e 2014, período em que morou também na cidade de Macapá. 

Na capital amapaense Júlio venceu em 2005 o prêmio literário Isnard Lima Brandão com a crônica "A Banda" que narra a terça-feira de carnaval no popular bloco de rua da cidade. 

Entre esses anos também publicou parte de sua produção no blog pessoal "O Desuniverso do Jovem Messias Marciano na Cidade Porto dos Corações Vazios", hoje fora do ar.

Com prefácio do poeta e professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Clei de Souza, a obra foca, segundo o autor, "num olhar intimista sobre a solidão urbana, o amor, a existência, a crítica social e uma crise diante de ser 'estrangeiro do próprio rio'" ao tratar da temática regional. 

O lançamento será no dia 05/09 (sexta-feira), às 18h, no Espaço de Cultura e Solidariedade Vanda Cardoso (Auditório do Sindifisco Nacional DS-Pará), o qual fica localizado na Avenida Boulevard Castilhos França, 730, no bairro da Campina, em frente à Praça dos Estivadores, Belém-Pará.

Sindicato fundado por Chico Mendes divulga nota sobre nefasta declaração de Marina

Chico Mendes era 'da elite'? Trabalhadores e trabalhadoras rurais divulgam nota de esclarecimento sobre a declaração de Marina Silva, candidata do PSB, no debate da Rede Bandeirantes

marina silva chico mendes
Chico Mendes e Marina Silva (Pragmatismo Político)

Leia abaixo a nota de esclarecimento divulgada pelo Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Xapuri (Acre), fundado por Chico Mendes.
Nota de esclarecimento

Diante da declaração da candidata à Presidência da República para as próximas eleições, Marina Silva, onde esta coloca o companheiro Chico Mendes junto a representantes da elite nacional, o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Xapuri (Acre), legítimo representante do legado classista do companheiro Chico, vem a público manifestar-se nos seguintes termos:

Primeiramente, o companheiro Chico foi um sindicalista e não ambientalista, isso o coloca num ponto específico da luta de classes que compreendia a união dos Povos Tradicionais (Extrativistas, Indígenas, Ribeirinhos) contra a expansão pecuária e madeireira e a conseqüente devastação da Floresta. Essa visão distorcida do Chico Mendes Ambientalista foi levada para o Brasil e a outros países como forma de desqualificar e descaracterizar a classe trabalhadora do campo e fortalecer a temática capitalista ambiental que surgia.

Em segundo, os trabalhadores rurais da base territorial do Sindicato de Xapuri (Acre), não concordam com a atual política ambiental em curso no Brasil idealizada pela candidata Marina Silva enquanto Ministra do Meio Ambiente, refém de um modelo santuarista e de grandes Ong’s internacionais. Essa política prejudica a manutenção da cultura tradicional de manejo da floresta e a subsistência, e favorece empresários que, devido ao alto grau de burocratização, conseguem legalmente devastar, enquanto os habitantes das florestas cometem crimes ambientais.

Terceiro, os candidatos* que compareceram ao debate estão claramente vinculados com o agronegócio e pouco preocupados com a Reforma Agrária e Conflitos Fundiários que se espalham pelo Brasil, tanto isso é verdade, que o assunto foi tratado de forma superficial. Até o momento, segundo dados da CPT, 23 lideranças camponesas foram assassinadas somente neste ano de 2014. Como também não adentraram na temática do genocídio dos povos indígenas em situação alarmante e de repercussão internacional.

Por fim, os pontos elencados, são os legados do companheiro Chico Mendes: Reforma Agrária que garanta a cultura e produção dos Trabalhadores Tradicionais e a União dos Povos da Floresta.

Xapuri, 27 de agosto de 2014


LEIA TAMBÉM: A entrevista que teria salvo a vida de Chico Mendes
Fonte: Pragmatismo Político
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O Além da Frase discorda frontalmente da nota, a qual generaliza e diz que "os candidatos* que compareceram ao debate [da TV Bandeirantes na última terça-feira] estão claramente vinculados com o agronegócio e pouco preocupados com a Reforma Agrária e Conflitos Fundiários que se espalham pelo Brasil".

Isso é, no mínimo, um grande desrespeito com a história de luta de Luciana Genro, candidata a presidência da República, bem como com o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), o qual defende em seu Programa e luta contra o agronegócio, latifúndio e suas políticas de morte, assim defende uma verdadeira Reforma Agrária neste país, sob controle dos trabalhadores e trabalhadoras, assim como o PSOL luta pela necessária e vital Reforma Urbana, que garanta moradia digna para o povo pobre e trabalhador nas cidades.

Senador que fala em 'ética' é réu em 11 processos por corrupção

Senador Mário Couto, que tomou a defesa histérica de Aécio Neves é acusado de fraude em 11 processos


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Mário Couto, que se autoproclama como paladino da ética, tem a conta bloqueada pela justiça e acumula diversos processos. Foto: Agência Senado

Uma figura regional ganhou notoriedade nacional ontem na patética discussão travada em torno do Marco Civil entre Aécio e Lindbergh Farias no Senado, imortalizada num vídeo que viralizou na internet.

Era o senador Mário Couto, do PSDB do Pará. Ele saiu correndo em direção de Lindbergh, dedo em riste numa gesticulação histérica. Tomou a defesa de seu colega de partido, e a cena poderia terminar em pugilato se não interviessem ali.

Couto é a chamada chave de cadeia, e é revelador do sistema político e jurídico nacional que ele ocupe ainda uma cadeira no Senado, da qual profere, não raro, do alto de sua ficha corrida pesada, inflamados pronunciamentos pela ética e contra a corrupção.

Era o senador Mário Couto, do PSDB do Pará. Ele saiu correndo em direção de Lindbergh, dedo em riste numa gesticulação histérica. Tomou a defesa de seu colega de partido, e a cena poderia terminar em pugilato se não interviessem ali.

Couto é a chamada chave de cadeia, e é revelador do sistema político e jurídico nacional que ele ocupe ainda uma cadeira no Senado, da qual profere, não raro, do alto de sua ficha corrida pesada, inflamados pronunciamentos pela ética e contra a corrupção.

A biografia de Couto é rica.

Algum tempo atrás, uma mulher numa pequena cidade do Pará entrou com um processo contra ele depois de ter sido chamada – contou ela – de “macaca” e coisas do gênero.

No processo, ela disse que a razão da fúria de Couto foi ela não haver deixado que ele pregasse em sua casa cartazes de um candidato a prefeito.

Como deputado pelo Pará, ele se meteu em encrencas legais também. O Ministério Público o acusou de fraudar licitações na Assembleia Legislativa, da qual era presidente.

Empresas em nome de laranjas ganharam concorrências em série. O controle das licitações da Assembleia Legislativa estava a cargo da filha de Couto, Cilene.

Por conta das licitações suspeitas, a conta de Couto foi bloqueada pela justiça paraense, para evitar transferências de dinheiro para parentes, amigos ou, simplesmente, laranjas.

Até no futebol a crônica dele é notável.

Couto, algum tempo atrás, virou patrono de um time da segunda divisão paraense. O estádio do time, do interior do Pará, recebeu seu nome, e é conhecido como Coutão.

Algumas contratações caras para os padrões locais despertaram suspeitas. Como um clube tão modesto poderia bancar as despesas – sem receita de estádio e com patrocínio tímidos?

A resposta, segundo as evidências, residiria no Detran do Pará, um reduto de Couto de acordo com pessoas que conhecem a política do Pará.

As denúncias sugerem que Couto arrumava bons empregos no Detran para mulheres de jogadores, e ali estaria o pagamento, com dinheiro do contribuinte paraense.

No YouTube, um vídeo mostra uma cena desalentadora neste capítulo futebolístico. Numa reportagem de uma emissora local, aparece um pequeno empresário brandindo uma papelada.

Eram os documentos de um terreno, disse o empresário, que foi tomado por Couto para fazer parte das dependências do clube. O terreno fica ao lado do Coutão.

Apesar dos documentos, apesar da luta do proprietário do terreno na justiça, não houve reintegração de posse. Isso, no Brasil, é algo que só funciona contra favelados como os da Favela Oi.

Couto, no passado, segundo é amplamente comentado entre os paraenses, foi presença destacada no jogo do bicho.

Nada disso impede o senador de ser um cruzado pela moralidade. Antes de tomar a defesa física de Aécio, ele pediu o impeachment de Dilma por causa do caso da refinaria de Pasadena.

A presença de Mário Couto no Senado mostra várias coisas, nenhuma delas animadora. Uma delas é que o PSDB tem que olhar para o espelho antes de falar em moralização.

Mas a conclusão mais importante é: que venha, urgentemente, uma reforma política [irrestrita e soberana]*.

(Paulo Nogueira, em seu Diário do Centro do Mundo)
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*Grifo do AlémdaFrase.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

PT apoia "patrões" em 7 dos 10 Estados em que não lançou candidato próprio

por Vinicius Segalla, para o UOL

Em sete dos dez Estados em que o PT (Partido dos Trabalhadores) não encabeça a candidatura ao cargo de governador, o partido apoia candidatos representantes da classe empresarial brasileira.

O partido, fundado em 1980, tem sua origem atrelada ao movimento sindical e a grupos intelectuais de esquerda, e costuma se colocar nas eleições em que participa como representante da classe trabalhadora, em disputa pelo poder contra a classe patronal e a elite econômica brasileira.

Apesar disso, sete dos dez candidatos a governador das coligações integradas pelo PT são políticos representantes de entidades ligadas ao agronegócio, sindicatos patronais ou instituições representantes do empresariado nacional.

Uma das exceções é o Estado de Sergipe. Lá, o PT apoia o candidato do PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileira), Jackson Barreto, servidor da Receita Federal, ex-militante clandestino do PCB (Partido Comunista Brasileiro) e atual governador do Estado. Barreto era vice-governador de Marcelo Déda (PT), que morreu no ano passado.

Já no Estado do Amapá, quem recebe o apoio do PT é o atual governador e candidato à reeleição, Camilo Capiberibe (PSB), membro de um partido que não faz parte da coligação que apoia a candidatura presidencial de Dilma Rousseff.

O pessebista vem de uma família de classe média. Seus pais eram militantes de esquerda e mudaram para o Chile durante a ditadura militar brasileira (1964-1990). Por causa disso, [Camilo]* Capiberibe nasceu no país vizinho, mas cresceu no Brasil, onde deu início à sua carreira política no já movimento estudantil.

Finalmente, no Estado da Paraíba, o PT apoia Ricardo Coutinho (PSB), filho de um agricultor e de uma costureira, formado em Farmácia, funcionário público de carreira da UFPB (Universidade Federal da Paraíba) e ex-dirigente da CUT (Central Única dos Trabalhadores).

O UOL procurou a assessoria do PT e de seu presidente nacional, Rui Falcão, para comentar as coligações do partido nas eleições estaduais, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.

Sob a condição de anonimato, porém, membros do partido afirmam que não é escolha do PT os nomes dos candidatos que encabeçam as candidaturas das coligações de que faz parte, e que é inerente ao sistema eleitoral brasileiro compor alianças regionais que viabilizem acordos nacionais.

Todos os candidatos da elite econômica brasileira apoiados pelo PT pertencem ao PMDB, PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) ou PSD (Partido Social Democrata), siglas que apoiam a reeleição de Dilma Rousseff (PT) à presidência da República.

Veja, abaixo, quem são os candidatos da elite apoiados pelo PT nos Estados em que o partido não lançou candidatura própria.

Pará: Helder Barbalho (PMDB)

Helder Barbalho/PMDB (fazendo o 'V' da "vergonha na cara"), Ana Júlia Carepa/PT, Giovanni Queiroz/PDT (dep. fed. e latifundiário), Paulo Rocha/PT de braços abertos para o mensalão e de costas para a Lei da Ficha Limpa, que suspendeu sua candidatura ao Senado.
Herdeiro de um grupo de comunicação que reúne oito emissoras de rádio, quatro retransmissoras de televisão e um jornal diário, Helder Barbalho, filho do senador Jader Barbalho (PMDB-PA), tem 35 anos e um patrimônio declarado de R$ 2,34 milhões. A maior parte de suas posses correspondem a participações acionárias em dez empresas de sua família.

Com o apoio do grupo político comandado por seu pai, Helder Barbalho foi eleito prefeito de Ananindeua (região metropolitana de Belém) em 2004 quando tinha apenas 25 anos, tornando-se, segundo ele mesmo afirma, o prefeito mais jovem da história do Estado.

Em 2006 e 2010, o PT lançou candidatura própria no Estado do Pará, da bancária do Banco do Brasil Ana Júlia Carepa, que iniciou sua carreira no movimento estudantil e era ligada a grupos de defesa dos direitos das mulheres. Neste ano, o partido decidiu apoiar Helder Barbalho dentro de um arranjo que garantiu a manutenção da aliança nacional com o PMDB.

Pernambuco: Armando Monteiro (PTB)


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Nascido em 24 de fevereiro de 1952, Armando Monteiro Neto é formado em administração e direito. Pertencente a uma família de industriais, dona de siderúrgicas e usinas de álcool e açúcar, começou a vida pública em 1986, no Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Pernambuco. Foi diretor e depois presidente da entidade até 1992, quando assumiu a presidência da Fiepe (Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco), cargo que ocupou por quatro mandatos consecutivos. Depois, entre 2002 e 2010, foi presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Ingressou na vida político-partidária em 1990, quando se filiou ao PSDB. Ficou no partido até 1997, quando mudou para o PMDB. Em 2003, filou-se ao PTB, onde permanece até hoje. Foi deputado federal por Pernambuco por três legislaturas (1999-2011).

Em 2010, candidatou-se e foi eleito senador de Pernambuco pelo PTB.

Alagoas: Renan Filho (PMDB)


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Nascido em 8 de outubro de 1979, Renan Filho pertence a uma tradicional família política de Alagoas. Seu pai é o senador Renan Calheiros (PMDB/AL), que ocupa cargos públicos desde 1978 e atualmente é presidente do Senado. Em 2007, Calheiros renunciou ao mandato para evitar uma cassação em virtude de denúncias de corrupção.

Sócio de quatro empresas de comunicação no Estado (segundo sua declaração de bens à Justiça eleitoral), o peemedebista Renan Filho foi eleito prefeito do município de Mucuri em 2004, quando tinha apenas 24 anos. Foi reeleito para o cargo em 2008, mas abandou o posto em 2011, quando assumiu uma cadeira na Câmara dos Deputados, após ser eleito em 2010.

Também em Alagoas, nas eleições para o Senado, o PT compõe a chapa que apoia o ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB).

Amazonas: Eduardo Braga (PMDB)

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Dono de uma fortuna declarada de R$ 27,3 milhões, o peemedebista é proprietário de uma rede de concessionárias e assumiu seu primeiro cargo público em 1982, após ter sido eleitor vereador de Manaus pelo PDS (Partido Democrata Social, hoje chamado PP, Partido Progressista), partido que apoiava o regime militar brasileiro e era originário da Arena (Aliança Renovadora Nacional).

O empresário, que também investe no agronegócio (letras de crédito e cabeças de gado), já passou por seis partidos políticos. Além de vereador pelo PDS, foi deputado estadual pelo PMDB (1987-1991) e federal pelo PDC (1991-1992). Foi vice-prefeito e prefeito da capital amazonense pelo PDC (1993-1996) e governou o Amazonas duas vezes, pelo PPS (2003-2007) e pelo PMDB (2007-2011). Já teve passagens pelo PSL  e pelo PPL. Atualmente, é senador pelo PMDB.

O candidato tem contra si um inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal) por crime eleitoral e mais dez processos no Tribunal de Justiça do Amazonas, sendo quatro deles por suspeita de improbidade administrativa.

Tocantins: Marcelo Miranda (PMDB)

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Nascido em Goiânia em 10 de outubro de 1961, Miranda é membro de uma tradicional família de políticos e agropecuaristas de Goiás e Tocantins. Estrou na política em 1990, quando foi eleito deputado pelo PFL (Partido da Frente Liberal, atuam DEM, Democratas) para ocupar um cargo na Assembleia Legislativa goiana. Foi reeleito ao cargo mais duas vezes.

Em 2002, ainda no PFL, foi eleito governador do Tocantins, sendo reeleito em 2006, já pelo PMDB. Em 2009, porém, teve seu mandato cassado por unanimidade pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que apontou os crimes de abuso do poder, compra de votos e uso indevido dos meios de comunicação social nas Eleições de 2006.

Em 2010, foi eleito senador, mas foi impedido pela Justiça de assumir o mandato por entender que ele se encontra inelegível em virtude da condenação de 2009. Além do processo em que foi cassado do governo, Miranda figura em mais de 500 processos nas diversas esferas e tribunais do Poder Judiciário.

Para o Senado, representando o povo de Tocantins, o PT apoia a reeleição da líder da bancada ruralista, Kátia Abreu (PMDB).

Maranhão: Lobão Filho (PMDB)

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Nascido em 17 de setembro de 1964, o empresário peemedebista é um dos donos do Sistema Difusora de Comunicação, emissora de TV afiliada do SBT no Estado do Maranhão e também de uma rede de distribuidora de bebidas. Antes de filiar-se ao PMDB (2010), foi membro do PFL (depois renomeado para Democratas) por oito anos, desde 2002.

Seu patrimônio declarado à Justiça eleitoral neste ano é de R$ 9.881.256,03, valor 284% maior do que o que foi declarado em 2010 (R$ 2.570.010,32), quando se elegeu suplente de senador.

É filho e herdeiro político do senador e atual ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, eleito deputado federal pela Arena em 1978 e pelo PDS em 1982. De 1991 a 1994, foi governador do Maranhão pelo PFL. Passou a integrar a base aliada do governo em 2007, quando ingressou no PMDB. Em janeiro do ano seguinte, foi nomeado ministro das Minas e Energia pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Rio Grande do Norte: Robinson Faria (PSD)

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Nascido em 12 de abril de 1959, é membro de uma família proprietária de usinas de sal no Estado do Rio Grande do Norte. Deu início à sua carreira política em 1986, quando foi eleito deputado estadual pelo PFL (atual Democratas). Depois disso, cumpriu mais cinco mandatos na casa legislativa potiguar.

Em 2010, foi eleito vice-governador de seu Estado na chapa da governadora Rosalba Ciarlini (DEM). Em 2011, porém, rompeu com o governo e passou a integrar o bloco de oposição a Rosalba. No mesmo ano, deixou seu então partido, o PMN (Partido da Mobilização Nacional), para filiar-se e ajudar a fundar o PSD no Rio Grande do Norte.

Antes de se dedicar à política, Robinson Faria trabalhava nas empresas do pai, o industrial Osmundo Faria. Juntos, em 1970, eles deram início às atividades da salina Amarra Negra, então a maior do Brasil. Em 1974, Osmundo tinha o apoio do então ministro do Exército, general Dale Coutinho, para assumir o cargo de governador do Rio Grande do Norte em 1975. O general, no entanto, morreu meses após manifestar seu apoio ao industrial. No ano seguinte, então, o governo militar optou por designar Tarcísio Maia, pai do senador Agripino Maia (DEM), para o cargo.

INTERNACIONAL: Sem água, palestinos lançam desafio do balde de escombros

Idealizador da iniciativa, jornalista Ayman Aloul pediu atenção de todos que simpatizam com questão palestina 

do  Opera Mundi



Jornalista palestino foi o primeiro a postar vídeo com o desafio do balde de escombros. Foto: Reprodução
Aproveitando a febre mundial na internet do desafio do balde de gelo (“ice bucket challenge”), que tem o objetivo de aumentar a arrecadação dos fundos de pesquisa para a descoberta da cura da doença ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica), um jornalista palestino decidiu criar uma nova versão da campanha.

Na gravação, Ayman Aloul aparece em meio a ruínas de edifícios destruídos pela recente ofensiva de Israel a Gaza e joga um balde com escombros na cabeça.

"Gostei da ideia do desafio de balde de gelo, então decidi criar uma versão palestina. Esse desafio é para todos que simpatizam com a questão palestina." Ele justifica o uso de escombros porque em Gaza a água é escassa e muito valiosa. Além disso, não há eletricidade para fazer cubos de gelo, esclarece Aloul.

Neste domingo (24/08), ao menos 15 pessoas morreram por ataques de aviões israelenses, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza. O número total de mortos desde o começo do atual conflito superou os 2.110.  


Leituras relacionadas:



O país e o armário


por Gregório Duvivier

“Todo ano, um milhão de mulheres fazem aborto na França. Eu sou uma dessas mulheres. Eu abortei.” O manifesto foi assinado por 343 mulheres e publicado no Nouvel Observateur, em 1971.

O Estado francês tinha duas opções: prender essas mulheres ou reconhecer que elas não fizeram nada de errado. O Estado não prenderia 343 mulheres. Ou melhor: não essas mulheres. Dentre as assinaturas, estavam as de Ariane Mnouchkine, Catherine Deneuve, Jeanne Moreau, Marguerite Duras. A redatora do manifesto era ninguém menos que Simone de Beauvoir. Não prenderam ninguém.

A esse manifesto, seguiram-se outros: 331 médicos assumiram-se a favor da causa. Na Alemanha, mais 374 mulheres assinaram um manifesto em que diziam: Wie haben abgetrieben. Nós abortamos. Entre as mulheres, Romy Schneider e Senta Berger. Em 1975 o aborto deixa de ser crime na França e passa a ser chamado de “interrupção voluntária de gravidez”. A interrupção passa a ser “livre e gratuita” até a décima semana de gestação.

Estamos muito longe dessa lei por aqui. Nenhum* dos candidatos a presidente parece interessado em discuti-la. [Salvo Luciana Genro, do PSOL.] Tampouco a classe artística está interessada em sair do armário nesse assunto.

O Brasil vai na direção oposta. É constrangedor ver todos os principais candidatos se estapeando pelo eleitorado conservador. Não se trata de propor mudanças, trata-se de vender apego à tradição. “Você me conhece, sabe que eu sou o que mais acredita em Deus, o que mais passou longe de dar a bunda, de cheirar pó, olhem só como a minha filha é virgem, olhem só como o meu filho é hétero.” Todos estão desesperados pelo voto conservador. Estranhamente [a não ser Luciana Genro do PSOL] , ninguém está nem aí pro voto aborteiro.

Se as eleições, como anuncia o plantão da Globo, são a festa da democracia, essa festa, dona Globo, está meio caída – ou fui eu que bebi pouco. Na minha opinião, tem pastor demais e maconha de menos. A maioria dos candidatos não fede nem cheira – a não ser um deles, que cheira. Um amigo gay outro dia disse que “levantar bandeira é cafona e quem sai do armário é porque quer atenção”. Amigo, tudo bem, ninguém é obrigado a sair do armário. Mas você não precisa trancar a porta por dentro.

Sair do armário não é um ato exibicionista. Levantar bandeira também não. O manifesto das 343 vagabundas, como ficou conhecido, não permitiu às manifestantes que elas fizessem um aborto. Elas já tinham feito. Permitiu às suas filhas e netas.

Ateus, maconheiros, vagabundas, pederastas, sapatões e travestis do mundo: uni-vos. Porque o lado de lá tá bem juntinho.
(Folha)
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Gregório Duvivier é ator e escritor, além de ser um dos criadores do grupo de humor Porta dos Fundos.
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*Grifo do AlémdaFrase

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

EXCLUSIVO: Concurso do TJPA sob suspeita. Vídeo mostra lacre violado

Candidatos do concurso público do Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJPA) edital 001/2014, o qual foi aplicado pela Fundação VUNESP neste último domingo, denunciam uma série de irregularidades nas redes sociais, que coloca o certame sob a séria suspeita de fraude. 

Dos quatro cantos da cidade, da UFRA ao Ideal (locais de aplicação de provas), vários prestadores dos exames denunciam irregularidade. No link abaixo, você verá imagens de um pacote de provas aberto. A própria fiscal de prova confirma que o mesmo veio adulterado.

O Ministério Público do Estado e a Polícia Civil não podem deixar de investigar as graves denúncias de suspeita de fraude, que pairam sobre esse certame! Pois não é a primeira vez que um concurso do TJPA é anulado, devido a nebulosas atividades, como provas de nível superior serem distribuídas para candidatos de nível médio, e vice e versa.

Clique no link para ver o vídeo no Facebook:

https://www.facebook.com/photo.php?v=752444894797178&set=vb.100000950245148&type=2&theater


Wlad aprendeu bem com seu mestre Jader Barbalho: é o maior gazeteiro do Congresso

A atual legislatura nem acabou e as excelências já conseguiram quebrar uma marca do período anterior: entre fevereiro de 2011 e julho passado, foram 6.063 ausências sem justificativa nas sessões plenárias da Câmara, 14% a mais do que as computadas de 2007 a 2010

por Naira Trindade, para o Congresso em Foco

Wladimir Costa (D) é o deputado mais ausente desde 2007
Criticados por institucionalizar a gazeta na Câmara em 2014, com os feriados prolongados, a produtividade próxima do zero durante a Copa do Mundo e o recesso branco nos meses de campanha, os deputados também aumentaram o número de faltas sem justificativa em sessões ordinárias e extraordinárias. A seis meses do fim da 54ª Legislatura, que começou com a posse dos parlamentares em 2011, já foram registradas 726 ausências a mais do que nos quatros anos do período anterior. De 1° de fevereiro de 2011 até 31 de julho deste ano, foram 6.063 faltas não justificadas, contra as 5.337 computadas em toda a legislatura passada.

O número da gazeta na legislatura presidida primeiramente por Marco Maia (PT-RS) e depois por Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) já é 14% maior do que a anterior. Na contramão, o percentual de dias de sessões deliberativas está 14% menor. Levantamento do Correio mostra que os congressistas tiveram 422 dias de sessões, de 2007 a 2010, contra 360 de 2011 a 31 de julho deste ano. A defasagem é de 62 dias de atividades no plenário. Em ritmo mais lento devido às eleições, a expectativa é de que os congressistas se reúnam apenas 24 dias para apreciar projetos nos cinco meses que antecedem o fim do mandato. Além da Copa do Mundo, a das Confederações, em 2013, também interferiu na redução do expediente do Congresso.

Líder do ranking de faltosos por duas legislaturas seguidas, o deputado Wladimir Costa (PSD-PA) deixou de comparecer às sessões por 160 dias desde 2011, quando assumiu o terceiro mandato consecutivo na Câmara. Se levado em consideração o número máximo de 12 sessões por mês, o deputado teria faltado a 13 meses de atividades no plenário. Em 79 ocasiões, a Câmara abonou as faltas, aceitando as justificativas apresentadas. Em casos de abono, não é descontado nenhum valor do salário. As outras 81 faltas, porém, permanecem sem explicação, como consta no Portal da Transparência da Câmara. 

De 2007 a 2010, o deputado faltou 106 vezes sem razão justificada, e outras 24 com motivos abonados. Nas duas legislaturas, Wladimir Costa deixou de comparecer a 290 dias de sessões deliberativas — quando são apreciadas matérias. 


O deputado paraense também não compareceu à Câmara no esforço concentrado da semana passada. Essas faltas, porém, nem foram abordadas no levantamento. A assessoria de imprensa dele alegou que o deputado tinha “assuntos a tratar” no Pará, onde faz campanha para tentar se reeleger. Em relação às faltas anteriores, a assessoria informou que devem ter relação com a cirurgia na coluna à qual o parlamentar se submeteu em 2010, mas não foram apresentados atestados médicos. 

A Câmara estabelece uma série de situações para abonar as faltas: ausências por problemas de saúde, missão oficial no país ou no exterior, atendimento de obrigação político-partidária, licença-maternidade, licença-paternidade, acidente e falecimento de pessoa da família até o segundo grau civil. 

 O segundo mais faltoso desta legislatura é Sandro Mabel (PMDB-GO). Dos 360 dias de sessões, o parlamentar deixou de comparecer a 126 — 56 com razões justificadas à Casa e 70 sem motivo. No quarto mandato, Sandro Mabel contestou o número registrado no Portal da Transparência da Câmara. Depois, justificou que poderiam ser faltas contabilizadas nas sessões de quinta-feira, quando alegou deixar Brasília pela manhã para cumprir compromissos em Goiás. 

“Contato com o povo”
Terceiro na lista, Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) deixou de comparecer a 91 dias de sessões. Das ausências, 34 foram justificadas, contra 57 sem razão publicada no site da Câmara. “Quando há reuniões que não tenho afinidade, fico no estado, onde tenho contato com o povo”, explicou Andrada. “Este é um ano de eleições, e o deputado tem a obrigação de ter contato com o povo. O homem público, neste momento, tem mais compromisso com a eleição do que com a vida parlamentar porque a eleição vai definir o destino do Brasil”, defendeu o parlamentar, que estava em Minas Gerais durante o esforço concentrado. 

Quarto no ranking de mais faltosos (veja arte), o deputado José Priante (PMDB-PA) alegou, por meio de assessoria de imprensa, não entender por que havia ausências registradas no Portal da Transparência da Câmara, pois ele teria uma legislatura “muito ativa”. 
Os congressistas Zé Vieira (Pros-MA), Odílio Balbinotti (PMDB-PR) e Dalva Figueiredo (PT-AP), também citados na lista, não retornaram às ligações da reportagem. Já os ex-deputados Clóvis Fecury e (DEM-MA) e Suely Santana (PR-RJ) não foram localizados. 

Acúmulos sucessivos 
O número de faltas dos deputados em sessões é diferente do número de dias de atividades deliberativas no plenário. Em um único dia, pode haver mais de uma sessão, a ordinária e a extraordinária. Se o deputado falta a um dia de trabalho, logo, pode acumular duas faltas. De 2007 a 2010, a Câmara marcou 37.615 ausências de congressistas em sessões. Delas, 32.278 receberam justificativas, enquanto 5.337 não tiveram as desculpas aceitas. Nesse período, 640 parlamentares passaram pela Casa. O número é alterado por causa dos suplentes. Já na atual legislatura, a Câmara computou 31.779 ausências totais. Dessas, 25.732 foram abonadas. As outras 6.063 não foram justificadas. De 2011 até julho deste ano, 669 deputados participaram, em algum momento, das atividades da Casa.

“Este é um ano de eleições. O homem público, neste momento, tem mais compromisso com a eleição do que com a vida parlamentar”
Bonifácio de Andrada, deputado do PSDB-MG

Punição só no papel

O artigo 55 da Constituição estabelece que o parlamentar que faltar a mais de um terço das sessões ordinárias fica passível de perder o mandato. Na prática, porém, esse dispositivo só foi aplicado de maneira rigorosa em duas ocasiões, ambas em 1989, quando os deputados Felipe Cheidde, de São Paulo, e Mário Bouchardet, de Minas Gerais, foram cassados por faltas. Depois disso, o expediente de encontrar justificativas para as ausências tem garantido aos parlamentares a manutenção dos seus mandatos.

Massacre anunciado: PM anuncia despejo de 8 mil famílias em Belo Horizonte

por Natália Alves, Belo Horizonte

A Polícia Militar de Minas Gerais anunciou para os próximos dias uma megaoperação de despejo de 8 mil famílias pobres
A Polícia Militar de Minas Gerais anunciou para os próximos dias uma megaoperação com forte aparato militar para despejar 8 mil famílias pobres que moram nas ocupações Rosa Leão, Vitória e Esperança, localizadas na região do Isidoro, vetor norte de Belo Horizonte. O despejo é uma ação covardemente arquitetada pelo Governo do Estado de Minas Gerais e pela Prefeitura de Belo Horizonte para defender os interesses da especulação imobiliária e acordos financeiros para implantação de empresas na região. A construtora supostamente responsável por um empreendimento, a Direcional Engenharia S/A, foi uma importante financiadora da campanha de Aécio Neves (PSDB) para senador por Minas Gerais em 2010. Aécio é candidato a Presidente da República nessas eleições.
Questionado na reunião pelos moradores das ocupações e por representantes do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e Brigadas Populares, sobre alternativas para os moradores da região, ficou clara a ausência de proposta para essas famílias e a completa irresponsabilidade do governo do estado e da prefeitura. Enquanto acontecia o pronunciamento, policiais militares se dirigiram às ocupações para coagir os moradores a abandonarem suas casas. Em panfleto entregue pela PM aos ocupantes o tom é de ameaça, chegando a responsabilizar os movimentos pelo possível massacre praticado pela repressão. Em um trecho o panfleto afirma: “Sugere-se que mulheres grávidas, idosos, crianças e pessoas portadoras de necessidades especiais saiam do local, para preservar a integridade física e psicológica dos mesmos. A responsabilidade pela saúde dessas pessoas é do movimento”.
A tortura psicológica contra as famílias é constante. Na quarta-feira (6/08), 15 viaturas da polícia acompanharam funcionários da Companhia de Energia de Minas Gerais (Cemig) que tentavam cortar a ligação de energia das ocupações. Frente à resistência pacifica da comunidade diante da ilegalidade na retirada de direito básico, a polícia distribuiu ameaças e humilhou uma moradora da ocupação Vitória que tentava conversar com a PM. “Você é uma piranha, sua puta. Eu gravei sua casa, vai ser a primeira que nós vamos derrubar e ainda vou dar um tapa na sua cara”, bradava o policial.
No mesmo dia, ocorreu reunião no 13º Batalhão da PMMG no bairro Planalto, com a presença do presidente da Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel) Genedempsey Bicalho; representantes da construtora Direcional; da juíza da 6ªVara de Fazenda Pública de Belo Horizonte, que deu a sentença de despejo, Luzia Divina. O comandante da PMMG, Coronel Machado afirmou que fará um despejo surpresa, o que é condenado pelo protocolo da própria Policia Militar. “O despejo acontecerá em 15 dias, mas não vou dizer o dia exato. Usaremos a força, saiam da área”, anunciou Machado. Na reunião os representantes das comunidades foram impedidos de falar e famílias das ocupações que aguardavam o resultado da reunião na porta do batalhão foram agredidas e tiveram armas apontadas para suas cabeças.
Charlene Egidio, uma das coordenadoras do movimento na região e moradora da ocupação Rosa Leão, afirma que a presença constante da repressão transforma a vida dos moradores em um pesadelo. “Helicópteros da policia faz voos rasantes de noite pra não deixar a gente dormir, incursões noturnas de intimidação, cavalarias e viaturas rodam a ocupação diariamente fazendo ameaças”, afirma.
“Resistiremos!”
Na assembleia das comunidades realizadas durante essa semana, a decisão é resistir ao despejo. “Nós não vamos sair do terreno. Ele estava vazio e agora tá servindo pra moradia. As três comunidades estão unidas nessa ideia” afirmou Elielma Carvalho, moradora da ocupação Vitória e membro da coordenação da comunidade.
Para Kelly Sabrina, moradora da ocupação Rosa Leão, a ação de despejo será uma grande covardia. “É muita injustiça esse despejo. A gente gastou tudo que tinha construindo na nossa casa. Teve gente que pegou até empréstimo. Mas o mais duro é a situação das crianças. Imagina chegar pra você crianças de 8, 10 anos de idade pedindo pra você não deixar derrubarem nossas casas. É difícil descrever, é de cortar o coração”, relatou Kelly.
Apoiadores e pessoas solidárias à situação do Isidoro lotaram o Espaço Livre Jose Carlos da Matta Machado, da Faculdade de Direito da UFMG, discutindo iniciativas de apoio às ocupações. A reunião contou com cerca de 200 pessoas que se dividiram em iniciativas de comunicação, recolhimento de mantimentos, escala de visita às ocupações, atividades politicas e culturais.
(A Verdade)

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Quem paga a banda escolhe a música

Infográfico mostra os grandes "doadores" das campanhas eleitorais em 2014. Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) são os receptadores de cifras milionárias de grandes conglomerados econômicos. 


Como refere o sábio ditado popular: quem paga a banda, escolhe a música. Não à toa, esses foram os setores que mais enriqueceram nos governos do PSDB, e fundamentalmente, do PT.

Divulgação no Facebook

Carta à presidenta - Apagar ou não as luzes?

por Alexandre Araújo Costa*


Gostaria de responder à sua pergunta, por mais que tenha sido ela meramente retórica e carregada da tentativa de ironizar e desqualificar visões diferentes da sua.

Se só existissem, realmente, duas opções, ou seja, apagar a luz e impedir que os povos do Xingu continuassem a viver, eu apagaria a luz. Se só existissem duas opções, entre aumentar as verbas da educação e jogar toneladas de carbono para a atmosfera acelerando a inviabilização das condições de sobrevivência das gerações futuras, eu ainda assim me manteria fiel à causa pétrea de manter petróleo e carvão, em sua maioria, no subsolo.

Mas o mundo não é assim, binário e, portanto, permita-me não aceitar a sua chantagem. Sim, a palavra é essa: chantagem!

Não precisamos "apagar a luz". Podemos reorganizar nossa matriz energética, democratizando-a, barateando-a para o usuário final, com ênfase nas mais modernas tecnologias de energias renováveis, privilegiando a geração elétrica via solar residencial, aumentando a eficiência energética e reduzindo o ritmo tresloucado de aumento perdulário da demanda. 

Energia solar sim; Belo Monstro não. Eólicas, desde que respeitando nossas comunidades costeiras, sim; Termelétricas não. Energia das ondas e marés, com estudos adequados para minimizar o impacto no litoral e estuários, sim; Nuclear não.

Você, presidenta, e os partidos que a sustentam, juntaram-se vergonhosamente, num único discurso, a velhacos como os CEOs das petroquímicas que se tornaram dona do petróleo junto à costa brasileira (vide resultado dos leilões do petróleo): Shell, Total, chinesas, Exxon, BP, Chevron... É o blablablá de que o futuro da Educação e Saúde em nosso País está ligado à extração de petróleo, principalmente no pré-sal. Nada mais falso, quando sabemos que a "parte do leão" ficará com as corporações e que os recursos desse crime climático que ficarem com o Estado brasileiro serão insuficientes.

Por que a senhora não fala em auditar uma dívida que restringe a aplicação de quase metade do orçamento da União nos serviços públicos? Por que a senhora não fala de outras fontes de recurso? Se só houvesse como financiar a Educação destruindo toda a Amazônia e oficializando o trabalho escravo infantil, a senhora optaria por esta última? Então como aceitar que 2 ppm de CO2 sejam leiloados num único dia, como uma cota "generosa" do Brasil à catástrofe climática que se avizinha?

Quero energia elétrica para todos, educação para todos, quero respeito e direito para os indígenas, quero zelo pelo ambiente e medidas urgentes para proteger o sistema climático terrestre. Nada disso é (mutuamente) incompatível. Mas tudo isso é incompatível com os hiperlucros do agronegócio, empreiteiras, bancos e petroquímicas.

Portanto, pensemos quem de fato apaga a luz, todo santo dia. Quem apaga a luz da honestidade intelectual e sofre de um apagão mental típico de quem transmutou-se de guerrilheira e combatente contra a ditadura em serva desses setores? 

Em tempo: Como diria Lenine (a quem talvez cite mais do que a Lenin), "o último a sair do breu, acenda a luz". Mas eu entendo que a senhora prefira a companhia da Breu...
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*Alexandre Araújo Costa é professor titular da Universidade Federal do Ceará. É Bacharel (1992) e Mestre em em Física pela Universidade Federal do Ceará (1995), Doutor em Ciências Atmosféricas pela Colorado State University (2000), com Pós-Doutorado pela Universidade de Yale (2004-2005).

“Encontro com os Presidenciáveis” tranquiliza escravocratas do agronegócio na CNA

por Rafael Nakamura*
Uma disputa para ver quem faz melhor o jogo do agronegócio. Foi o que se viu no “Encontro com os Presidenciáveis”, organizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), realizado na manhã desta quarta-feira (06/08) na sede do CNA e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) em Brasília. No encontro foram sabatinados os três melhores colocados nas pesquisas de intenção de voto para a Presidência da República: Eduardo Campos, Aécio Neves e a atual presidenta Dilma Rousseff.
A realização do encontro foi celebrada pelo presidente da CNA, João Martins da Silva Júnior, que considerava o evento como reconhecimento de que a agenda do agronegócio chegou ao topo das questões nacionais. Já na fala de abertura, João Martins deixava claro o que os produtores rurais esperam de quem for eleito para liderar o governo federal. “A agricultura é atividade de homens livres. O estado não pode vacilar diante das ameaças a este direito, e as invasões de terra, de quaisquer natureza, devem ser combatidas pelos instrumentos da lei.  A ordem jurídica não pode acolher exceções”, disse em nome da CNA.
Mas as falas dos três candidatos que seguiram a abertura trataram de tranquilizar em muito os representantes do agronegócio. Cientes da importância que o setor representa nas exportações do país e da força política da bancada ruralista no congresso, as falas dos presidenciáveis eram praticamente consensuais no pacto do governo federal com os produtores do campo, tratando as demarcações de terras indígenas como um problema menor que deve ser sanado a partir de negociações.
Eduardo Campos exaltou a importância do agronegócio na economia brasileira, evitou polêmicas, mas tocou no assunto das demarcações. Disse considerar necessário retomar as demarcações levando em conta o compromisso com a constituição para os dois lados.
Aécio sinalizou mais segurança para os proprietários de terra. Disse que se eleito, nenhuma fazenda invadida seria desapropriada no prazo de dois anos. Quanto às demarcações, disse que seu parâmetro seria aplicar as decisões do Supremo Tribunal Federal no caso da Raposa Serra do Sol em outras Terras Indígenas (TIs), uma demonstração de seu desconhecimento quanto à especificidade das TIs espalhadas pelo Brasil que necessariamente devem passar por diferentes soluções, principalmente quanto à necessidade de correção de limites de algumas das terras já demarcadas.
Por fim, Dilma se vangloriou que atualmente 156 bilhões de reais estão sendo investidos em forma de crédito no agronegócio através do governo federal. Já para as TIs o investimento deve continuar sendo praticamente nulo, isso porque a Presidenta disse que a opção pelas mesas de diálogo, propostas pelo Ministério da Justiça, deve seguir dando a tônica para a solução em áreas de conflito. Ela disse ainda acreditar que as normas de demarcação para as TIs devem ser revistas, incluindo outros órgãos, além da Funai, no processo.
Se os poderosos do lucrativo agronegócio esperam muito de quem quer que seja eleito, se faz necessário que os que lutam pelos direitos dos povos indígenas deixem de esperar e passem a exigir que os presidenciáveis não joguem a constituição no lixo. A garantia de avanços econômicos não significa nada sem a garantia de direitos fundamentais.
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*Publicado originalmente na página do Centro de Trabalho Indigenista.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

O encontro de dois escândalos

Por Leonardo Dupin*, no blog do Juca Kfouri
Uma distância de apenas 14 quilômetros separa os dois escândalos recentes da política nacional que envolvem dois senadores por Minas Gerais, o ex-presidente do Cruzeiro, Zezé Perrela (PDT) e o candidato a presidente Aécio Neves (PSDB).
A pista de pouso e decolagem construída durante o governo de Aécio Neves em Cláudio, no Centro-Oeste mineiro, em um terreno que pertenceu a fazenda do tio avô do candidato tucano fica distante 14 quilômetros de Sabarazinho, um povoado de Itapecerica, também no Centro-Oeste Mineiro, onde o helicóptero da empresa Limeira Agropecuária, da família do senador Zezé Perrela, fez uma parada para reabastecimento carregado com 445kg de pasta base de cocaína, em novembro do ano passado.
A parada em um ponto de Sabarazinho aconteceu três horas e meia antes da apreensão da aeronave por policiais militares e federais em um sítio em Afonso Cláudio, no Espírito Santo. O valor da carga é estimada em R$ 10 milhões, podendo multiplicar por dez com o refino. Segundo o inquérito da PF, o carregamento foi feito em Pedro Juan Cabalero, no Paraguai, e tinha como possível destino Amsterdam, na Holanda, o que configura tráfico internacional.
No dia 20 do mês passado, reportagem do jornalista Lucas Ferraz, da “Folha de S.Paulo”, revelou que Aécio Neves construiu a pista na fazenda que pertenceu a seu tio-avô, além de ficar próxima a uma propriedade da família do candidato.
Na última semana, Aécio Neves admitiu que já usou a pista, mesmo o espaço ainda não tendo sido homologado pela Agência Nacional de Aviação Civil.
O investimento do governo mineiro para a construção da pista foi de R$ 14 milhões. Cláudio tem 25 mil habitantes e está distante 50 quilômetros de Divinópolis, onde já existia uma pista de pouso e decolagem.
O cruzamento dos dois escândalos – do helicóptero e da pista – é comprovado pelos documentos considerados sigilosos do inquérito da Polícia Federal (PF), que este repórter teve acesso.
A PF constatou, com base no rastreamento do GPS do helicóptero e nas anotações do plano de vôo dos pilotos, ambos apreendidos e examinados pela perícia técnica, que o helicóptero carregado com quase meia tonelada de pasta base de cocaína parou em um ponto próximo ao povoado de Sabarazinho.
Segundo o inquérito da PF, no dia 24 de novembro de 2013, às 14h17, aproximadamente três horas e meia antes do helicóptero ser apreendido pela polícia no município de Afonso Cláudio, no Espírito Santo, a aeronave ficou parada por trinta minutos numa fazenda do povoado, onde duas pessoas aguardavam o pouso com galões de combustível.
A localidade fica a 14 quilômetros da pista de Cláudio e também das fazendas da família Tolentino, onde nasceu Risoleta Neves, esposa de Tancredo Neves e avó de Aécio Neves.
O município de Cláudio chega, inclusive, a ser citado no inquérito na análise das mensagens telefônicas dos pilotos, que foram captadas pelas Estações de Rádio Base (ERB), que são os equipamentos que fazem a conexão entre os telefones celulares e a companhia telefônica.
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Mapa mostra distância entre a pista de pouso e o local em que o helicóptero parou para reabastecimento
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Detalhe do inquérito da PF, com o local de parada do helicóptero em Sabarazinho
Suspeita que não foi desvendada
O helicóptero foi apreendido no dia 24 de novembro. Três dias depois, 27 de novembro, após a apreensão ganhar destaque na mídia, o proprietário da terra fez uma denúncia para a Polícia Militar de Divinópolis. Segundo a PM, tal denúncia foi feita de maneira “anônima”.O proprietário afirma que avistou um helicóptero sobrevoando a região em baixa altitude e depois encontrou em suas terras 13 galões, de 20 litros cada, com substância semelhante a querosene.
Como o Boletim foi realizado após a apreensão do helicóptero, o delegado da Polícia Federal em Divinópolis, Leonardo Baeta Damasceno, afirma no inquérito não descartar o envolvimento de pessoas da região e recomenda como imprescindível uma diligência sigilosa no local, para saber quem são o dono do terreno e as pessoas que tem livre acesso ao local.
Porém, ainda de acordo com o inquérito que esse repórter teve acesso a diligência não foi realizada. Em outra página do inquérito, o proprietário é inocentado sem explicação convincente, dessa vez por documento assinado pelo agente da PF, Rafael Rodrigo Pacheco Salaroli, que afirma: “A total isenção da propriedade e de seu proprietário na empreitada criminosa, restando, portanto, a terceiros sem ligação com o local, a atuação delituosa de reabastecimento da aeronave”.
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Trecho do inquérito descartando a investigação no local do abastecimento em Sabarazinho
Parente é serpente
Tancredo Aladim Rocha Tolentino é primo de Aécio Neves e filho de Múcio Guimarães Tolentino, o tio-avô do candidato tucano que teve a terra desapropriada para a construção da pista em Cláudio. Quêdo, como é conhecido, é o responsável, segundo o jornal Folha de São Paulo, por controlar a chave do aeroporto público de Cláudio, que fica distante seis quilômetros da fazenda frequentada por Aécio Neves.
Em 2012, Quêdo tentou se candidatar a prefeito de Cláudio, mas foi impedido pela lei da Ficha Limpa devido a pendências judiciais. Meses antes, Quêdo foi preso na operação “Jus Postulandi”, da Polícia Federal, por participar de uma quadrilha especializada na venda de habeas corpus para traficantes de drogas.
Quêdo, segundo a denúncia, fazia a intermediação do negócio. Ele recebia a quantia, que variava entre R$ 120 mil e R$ 240 mil dos traficantes, ficava com uma parte do dinheiro e repassava o restante ao desembargador Hélcio Valentim, que determinava a expedição de alvará de soltura dos presos.
Em três casos descritos na denúncia realizada pelo subprocurador-geral da República Eitel Santiago, as liminares foram negociadas para favorecer presos por tráfico de drogas. Um dos beneficiários foi preso em flagrante, em julho de 2010, num sítio do distrito de Marilândia, também pertencente a Itapecerica, com cerca de 60 quilos de pasta-base de cocaína.
O processo será julgado no STJ e Quedo responderá por formação de quadrilha e três vezes por corrupção, duas delas “ativa qualificada”.
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Trechos da denúncia do procurador Etiel Santiago, que acusa o primo de Aécio Neves de participar de uma quadrilha de venda de habeas corpus para traficantes de drogas
* Leonardo Dupin é jornalista e doutorando em Ciências Sociais na Unicamp.