por Marcus Benedito
Fim de 2018 chegando. E quase eu coloco 2019. É o “vaaai tempo!”. E
quando a gente quer que o tempo voe é porque não vivemos tempos bons. É o caso deste blog nos últimos doze meses. 2018 foi um ano que demos pouco as caras por aqui. E tem uma série de
fatores. Principalmente as condições físico-químicas,
materiais, políticas e sociais de seu editor.
Ainda assim, mantivemos discreta regularidade nas opiniões e debates imersos nas principais redes (ou mídias) sociais. O que não é tudo, muito menos suficiente. Porque navegar é preciso! Falar,
amar, pintar, colorir e desconstruir; tingir, fingir, desconcretizar,
descolonizar, despoluir, ruir, criar e erigir, bem como uma infinidade de
infinitivos podem e devem ser explorados em todos os meios que a capacidade e a
inventividade da natureza humana demandar.
Pelo sistema hipertextual que
opera através da internet, ou
simplesmente a www (World Wide Web), isso adquiri muita
coisa. A internet é vulcânica, oceânica. Parece uma trovoada de madrugada num
popopo atravessando
a baía do Arrozal no rio Pará. Parece que não tem fim. E pode ser o fim. E nela tem de
tudo. Pau, pedra, início e fim de caminho. A internet disponibiliza de forma quase gratuita o que parecia
imponderável: o direito à fala, à liberdade de expressão, à comunicação.
Porque, como diriam as erveiras do Ver-o-Peso, tu vens com bit, eu vou com
byte. E foi por isso que nasceu o Além da Frase em junho de 2009. Porque combater é
preciso. E nascemos na luta contra a barbárie.
Os tempos são de reflexão, indignação e resistência. Mas sobretudo de muita paciência, debate e unidade na luta. Em 2018 eles ousaram matar Marielle
Franco (PSOL), nossa aguerrida vereadora do Rio de Janeiro. Pensaram que iriam calar
as vozes de milhões de rosas negras. Marias, Maras, Marins, Dandaras, cunhantãs
como era a Marielle. Batalhadoras como Anderson Gomes. Mas eles se enganaram.
Atiçaram os formigueiros. A mulherada foi para a rua e disse #EleNão. Duas
vezes. Em dezenas de lugares, shows e arquibancadas. Como vai ser daqui para a frente. Porque lutar é preciso. E vida com dignidade e justiça social também são necessárias.
O que nos move é
a convicção calcada no pensamento do socialismo científico, de que tudo que é
sólido desmancha no ar, e de que, conforme Marx e Engels escreveram no
Manifesto Comunista: a história da humanidade é a história da luta de classes.
Portanto, nada poderá nos impedir no caminho de construção de dias melhores e
mais dignos para a classe trabalhadora a nível internacional. Nada! O Além da Frase já presenciou eventos que confirmam essa assertiva: Primavera Árabe, Jornadas de Junho de 2013, Greve Geral de 2017, dia mundial contra Trump, rebeliões na Nicarágua, II Intifada Palestina, explosões sociais na França com os Coletes Amarelos e as convulsões recentes nas ruas da Hungria contra a moderna escravidão proposta pelo governo de ultra direita.
Nascemos acreditando que Belo
Monte iria cair. Foi esta aberração criada e inaugurada por Lula da Silva e
Dilma Rousseff, respectivamente, que nos impulsionou a criar este espaço de
opinião e informação pública em defesa da Amazônia e de toda a sua sócio
biodiversidade. Infelizmente Belo Monte está aí. É doloroso olhar esse
monumento à destruição fruto da nefasta traição do PT. Ajudou a matar o rio
Xingu, a Volta Grande, seu povo.
Mas a luta não parou e não para. Segue viva na
região. Agora contra a pá de cal, a mineradora canadense Belo Sun, que quer
roubar ouro, acabar de poluir os rios e enterrar os povos. Exatamente como
fazem a Hydro Alunorte e CIA Ltda., em Barcarena, e a Vale contra o rio e os
índios xikrin em processo de extermínio, etnocídio e extinção, em Redenção,
região sul do estado.
O Pará é um caldeirão que fervilha há mais de 500
anos. Falar da Amazônia, na Amazônia, sendo amazônida, caboclo e ribeirinho é
preciso. Prometo que vou me esforçar para continuar mais perto neste espaço,
contudo, uma coisa não precisa de promessa: vamos permanecer na luta, nas ruas,
nos bits e bytes, em defesa da democracia, contra os corruptos de turno e seus
lacaios.
Vamos precisar de todo mundo e da máxima unidade
dos movimentos sociais, partidos de esquerda e centrais sindicais para nos
defender das ameaças de retiradas de direitos e ataques vindos de Zenaldos,
Barbalhos, Bolsonaros. Vamos enfrentar, nas mobilizações, as políticas
higienistas socialmente, o genocídio do povo negro, a violência contra
indígenas e as comunidades quilombolas. Organizar greves e piquetes em defesa
do serviço públicos, gratuitos e de qualidade. Combater a corrupção, as
privatizações e o desmonte dos investimentos nas áreas sociais.
Não vai ser fácil, mas unidos somos mais e mais
fortes. Uma coisa já se sabe: nada pode parecer impossível de mudar, porque bem
disse o velho barbudo de Trier; “antes a frase ia além do conteúdo; agora é
o conteúdo que vai além da frase”. Vamos à luta!
Nenhum comentário:
Postar um comentário