Imagem: Face do autor |
Por Adriano Jorge, professor na rede estadual
Próximo dia 5 de janeiro, fará exatamente 32 anos da morte heróica de Quintino Lira, o Gatilheiro, em 1985, na região do Alto Rio Guamá, nordeste do Estado.
Sempre publico por essa época de janeiro a saga heróica do “mártir dos posseiros” da Amazônia, caçado implacavelmente por cerca de 200 homens da PM, numa página triste e dramática, porém pouco conhecida do grande público e das novas gerações.
Pouco antes de morrer, menos de um mês, o Gatilheiro ligou de um orelhão de onde estava, para a Rádio Clube do Pará, antiga PRC-5, numa entrevista de 10 minutos, apressada, relatando toda a verdade e desmentindo a pecha de “bandido perigoso”, disseminada pela imprensa local,( lembro bem, pois jornais como O Liberal demonizavam o Gatilheiro) afirmando que apenas estava defendendo os pobres posseiros desassistidos pelo governo Jader Barbalho, que protegia a empresa Cidapar, que chegou no local e montou um exercito de pistoleiros pra expulsar os moradores.
Sem apoio de ninguém, os camponeses viam em Quintino sua única forma de resistir e lutar contra os jagunços da empresa, contra o Estado e o Judiciario. Foi uma espécie de “bang-bang” nos rincões do interior do Pará, com mortes de ambos os lados, mas que no final resultou na morte do Gatilheiro. Rapidamente enterraram seu corpo, mas os camponeses descobriram o local da sepultura e desenterraram Quintino, num enorme cortejo que reuniu centenas de pessoas homenageando seu herói.
A gravação da entrevista de Quintino à Radio Clube infelizmente se perdeu, pois as autoridades fizeram questão de apagar da memória a versão dos perdedores, porém os heróis, a verdadeira, como forma se esconder aquilo que incomoda os poderosos do Estado. Mas a historia e a luta de Quintino Lira jamais se apagará da nossa história, embora calada a peso de sangue, ficou registrada a luta e a resistência heróica daqueles que lutaram e enfrentaram os poderosos do Estado, e ficarão como exemplo daqueles que jamais se curvaram ao poder inescrupuloso do dinheiro sobre as terras amazônicas. Grande Quintino Lira.
Herói brasileiro, justiceiro dos pobres, herói da história da Amazônia. História, luta e resistência social.
3 comentários:
Realmente é uma parte da nossa história muito importante, mas pouco conhecida.Sou moradora do Nordeste paraense e a luta de Quintino foi fundamental para que os menos favorecidos e desprezados pelo estado, tivessem seu pedaço de terra para sobreviver.
Meu trabalho de conclusão de curso (TCC) é sobre a história de Quintino. É um trabalho riquíssimo e sonho em um dia transformá-lo em um livro ,para que as novas gerações conheçam essa parte subtraida da história do povo paraense.
Vivi nas proximidades daquela região e lia muito na época sobre Quintino,cearense,retirante,agricultor.Na época os fazendeiros de toda região fizeram grandes festas por ocasião de sua morte!dono do cafe Mila,Viúva do Cláudio,família do Paraná e família do Dono do posto céu todos eram donos de latifúndios(Castanhal) Manoel Coutinho em cap poço ficou muito feliz! Em fim! Todos que se sentiram prejudicados por Quintino
respiraram aliviados!
Em uma viagem no ano de 1984 a casa de meu tio em Pau de Remo,conversei com ele. Homem Tranquilo,me perguntou algumas coisas sobre a cidade de onde eu havia chegado: Castanhal e seus moradores que também mantinham terras e fazenda no angulo de atuação de Quintino! educado,dentro do limite. de sua pouca instrução!
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