Ato do 1º de Maio classista na Av. Paulista. Foto: Randy Lobato/Vamos à Luta |
1- Nos próximos dias o impeachment será votado no senado. Independente do resultado, teremos um governo mais fraco e um congresso desacreditado. Por isso existem lideranças do PT, PMDB e PSDB que falam em “conciliação nacional” e setores burgueses e imperialistas defendem “novas eleições”. A crise geral do país vai se manter pois sua causa é econômica, política e social. Deve ser localizada nos ataques ao nível de vidas das massas e a ruptura dos trabalhadores com o PT. Por isso o governo Dilma desaba e as instituições da falsa democracia desintegram, eventos conectados a Revolta de Junho de 2013, que tonificou uma onda de greves em 2014, explosões nas favelas e periferias, greves de professores e ocupações de escolas em SP no ano passado e várias mobilizações que estão em curso. Estamos vivendo a falência do Lulismo, que perdeu a hegemonia no movimento de massas e já não dirige ou controla as lutas dos explorados e oprimidos. Não por acaso Dilma é rechaçada pela amplíssima maioria dos trabalhadores e setores populares da nação. Por isso devemos construir uma alternativa radical, de esquerda, sem ceder às pressões dos governistas ao mesmo tempo em que combatemos o PSDB e PMDB, duas siglas igualmente desgastadas perante a maioria do povo.
2- Agora ocorrem importantes conflitos, como a greve dos professores e as ocupações de escola do RJ, a luta dos servidores federais contra o PL 257, campanhas salariais, e outros processos, que poderiam ajudar na construção dessa alternativa. No entanto, não há um polo de oposição de esquerda porque as maiores lideranças decidiram compor o campo Lulista. O setor majoritário do PSOL e as lideranças do MTST são linha auxiliar do PT e defendem o mandato de Dilma. Um processo que oxigena a “frente ampla” para a candidatura de Lula. Ao mesmo tempo abre espaço para projetos burgueses como o da REDE. Um posicionamento catastrófico. Por isso exigimos que o PSOL e o MTST rompam com os governistas e com o PT.
3- Nesse contexto, várias organizações, posicionam-se contra essa frente orgânica com os governistas, ao mesmo tempo em que continuam contra o PSDB e o PMDB. A primeira expressão desse campo foi a manifestação do dia 1 de abril contra Dilma, Temer, Cunha, Renan e Aécio. É necessário dar coesão e unidade aos que não são linha auxiliar do PT. Uma unidade que passa pelo combate e oposição intransigente contra a nova direita representada pelo PT e a velha direita liderada por Temer e o PSDB. Um bloco que se posicione pelo fim do governo Dilma, contra o impeachment do congresso corrupto e também contra os tucanos e Temer.
Não ceder às pressões dos governistas e seus aliados!
4- Um bloco que evite a dispersão, paralisia e confusão que prima em várias outras articulações. Um bloco que supere as insuficiências do Espaço da Unidade e Ação, que apesar de ter realizado ações importantes no ano passado e no dia 1º de abril, não está à altura dos acontecimentos, pois já não existe a mesma unidade política anterior. Não por acaso, organizações como o PCB e o MRT agora defendem a continuidade do mandato de Dilma. O fato é que sem unidade política, ao utilizar o método do consenso, prima a paralisa e dispersão, atrapalhando esse espaço a se converter num efetivo polo alternativo que dispute de verdade na base da categorias, na juventude e setores populares. Um exemplo do que falamos pode ser visto na construção do primeiro de maio em São Paulo. Na Praça da Sé, vários setores da esquerda, realizam um ato com eixo em “defesa dos direitos”, “contra o ajuste”, sem nomear claramente quem aplica os cortes de direitos e o ajuste fiscal em nível nacional: o Governo Dilma e seu Vice Temer. Ou seja, um ato que blinda o atual governo do PT. Não por acaso é uma manifestação conjunta com a direção do MTST e o campo majoritário do PSOL, as duas correntes mais Lulistas da esquerda brasileira. E várias organizações do Espaço de Unidade e Ação assinaram a convocatória dessa manifestação cujo único objetivo era atrapalhar o ato classista da Avenida Paulista.
Nosso centro deve ser a atuação na base, onde há um espaço gigantesco para construir uma alternativa de esquerda, diferente da capitulação, centrismo e confusão que prima nas correntes políticas organizadas.
Por isso propomos:
a) Construir um bloco dos que não são linha auxiliar do PT, um polo da oposição de esquerda, que tenha como eixo a mobilização, o combate aos ataques de Dilma, Temer, Cunha, Renan Aécio, governadores, patrões e prefeitos, a ação direta e coordenação das lutas. O que se concretiza numa campanha em solidariedade à greve dos professores do Rio de Janeiro, as campanhas salariais em curso, a luta contra o PL 257 e outras lutas. Buscar construir um novo bloco social e político com as organizações que não estão no campo do PT, PMDB e PSDB.
b) Realizar uma plenária sindical, popular e estudantil no mês de maio para discutir uma saída para o país, sem governistas, sem tucanos e sem patrões. Uma plenária sindical, popular e estudantil convocada por sindicatos, grêmios estudantis, DCE’s, agrupamentos sindicais, a CSP-CONLUTAS, figuras públicas como Luciana Genro, Zé Maria, Babá e todos que desejarem construir essa iniciativa com a máxima amplitude.
c) Dar continuidade as manifestações de rua com um eixo político contra Dilma, Temer, Cunha, Renan, Aécio, contra PT, PMDB e PSDB. Uma manifestação efetivamente nacional, centralizada em São Paulo, com caravanas dos estados.
5- Nós da CST apostamos no desenvolvimento das lutas e das greves, ou seja, a unidade da esquerda para batalhar por uma nova superior jornada de junho no país. Defendemos o Fora todos, para colocar pra fora Dilma, Temer, Cunha, Renan e Aécio. Além disso, propomos que o programa desse bloco comece pela imediata suspensão do pagamento da dívida para destinar mais recursos para saúde, educação e transporte estatal, em recuperação dos serviços públicos e valorização dos servidores, um plano de obras públicas visando moradia popular; contra as demissões e o arrocho salarial, por estabilidade no emprego e reposição das perdas salariais; pela punição dos corruptos e estatização das empreiteiras envolvidas na Lava Jato; por uma Petrobras 100% estatal e sob controle dos trabalhadores, por uma assembleia nacional constituinte livre e soberana para reorganizar o país a serviço dos trabalhadores e do povo. Na estratégia de construir uma saída operária e popular para a crise. Ou seja, lutar por mobilizações de massa, por organismos de autodeterminação dos explorados, a batalha por um Governo da Esquerda, dos Trabalhadores e do Povo.
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