Milhares de mulheres se reuniram no início de outubro em Varsóvia para protestar contra a proibição total do aborto na Polônia (Foto: Agência Gazeta/Slawomir Kaminski/via REUTERS) |
Desde os
anos 1990 acompanhamos diversas ações pelo mundo voltadas para a prevenção e
diagnóstico precoce do câncer de mama. Um movimento internacionalmente
conhecido como Outubro Rosa começou em Nova York e se espalhou ao redor do
mundo com ações simbólicas como a distribuição de laços rosa e a iluminação de
rosa de prédios, monumentos como o Cristo Redentor, teatros, pontes…
Mas neste
outubro o que chamou mesmo a atenção o foi a Black Monday – como foi chamada a
greve de mulheres realizada na Polônia contra o projeto de lei que proíbe
totalmente o aborto no país. A luta das Polonesas fez o governo recuar em seus
planos e inspirou um movimento feminista internacional pela vida das mulheres
em diversos países como Argentina, onde tivemos a primeira greve geral nacional
contra a violência de gênero.
A luta
das mulheres é internacional
Enquanto
os governos esperavam mais um “Outubro Rosa”, as mulheres se organizam para
exigir mais do que campanhas publicitárias educativas. A primavera feminista
invade os países e escancara o feminicídio, a falta de direitos e demonstra que
os planos dos governos para a crise econômica atacam diretamente a vida das
mulheres.
Na Argentina,
o movimento “Ni Una Menos” explica que a greve surgiu como
medida de resistência coletiva em resposta ao assassinato de Lucia Pérez, na
semana passada. “Parar é ativo, é uma decisão que se mostra, que se educa. Nem
grupo vulnerável nem vítimas, nós mulheres somos metade da sociedade e de sua
força produtiva. Por isso, em épocas de demissões e feminização da pobreza, de
repressão política e criminalização das decisões pessoais, a violência
estrutural sobre as mulheres se torna insuportável. As demandas do movimento
feminista se convertem em urgentes e se agitam, de forma potente, nas praças e
ruas”.
Em
resposta a política feminicida dos governos, diversas organizações se
solidarizam e chamaram protesto na quarta 19/10. No dia da greve na Argentina, às
16h, a Hastag #NiUnaMenos era mundialmente a mais comentada no Twitter.
Te cuida
seu Machista: dia 11/11 dia nacional de greve no Brasil.
Enquanto
na Argentina uma mulher é morta a cada 30 horas, no Brasil a cada hora e meia
uma mulher é assassinada pelo simples fato de ser mulher. Vivemos em um dos
piores países do mundo para ser menina, de uma lista de 144 o Brasil está na
102ª posição. Segundo a OMS somos o quinto país do mundo que mais
mata mulheres negras e pobres.
A Direção
da CUT divulgou um chamado a um “dia nacional de greve” para 11/11 com os eixos
“Não à PEC 241 e ao PL 257”, “Não à Reforma da Previdência”, “Não à MP do
Ensino Médio”, “Não à terceirização, à prevalência do negociado sobre o
legislado e à flexibilização do contrato de trabalho”. Todas as medidas atacam
em cheio as mulheres trabalhadoras.
Tivemos
no Brasil dias “de lutas nacionais” chamados pela direção da CUT, CTB, MST, UNE
e UBES. Mobilizações mal preparadas, burocráticas, desorganizadas. Exatamente o
contrário do que vimos no 19/10 onde as mulheres se organizaram por cima das
direções burocráticas.
Não
podemos confiar que a direção da CUT irá mobilizar a greve nacional. É preciso
fazer como as mulheres ferroviárias independentes da Linha Bordô, as quais
decidiram paralisar. “Se a partir da direção [sindical] não se convoca a
paralisar e, no lugar disso, querem apenas usar uma faixa negra como
simbolismo, nós convocamos à marcha”, afirmaram”. É preciso passar por cima das
direções traidoras.
As
polonesas, argentinas e as secunda do Paraná que estão ocupando escolas nos
mostram o caminho a seguir. Acreditamos que é fundamental organizar fortes
manifestações de rua.
É
necessário articular e construir uma efetiva greve geral do conjunto da classe
trabalhadora ainda esse semestre para barrar os ataques, o plano de ajustes de
Temer e garantir o direito das mulheres.
Nós da
CST-PSOL declaramos todo o nosso apoio as manifestações feministas ocorridas
além da Argentina, no Uruguai, Paraguai, Bolívia, Peru, Chile, Venezuela,
Colômbia, México, Honduras, Guatemala, Paris, etc. e chamamos as brasileiras a
unificar e fortalecer as lutas contra os ataques dos governos.
Fonte: CST-PSOL
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