quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Revolução árabe e mulçumana: Pedras que cantam

A Primavera, pode até tardar, mas não falha. Os acontecimentos da Tunísia, Iêmen, Egito, Argélia, Jordânia e Irã não são processos soltos. Isso todo mundo sabe. A ligação entre eles e suas semelhanças são muito próximas, mas não só entre eles. Podemos dizer, que ao seu modo, todas essas lutas nos diferentes países respondem à uma questão que é comum enm todos os cantos do planeta. Respondem à crise do capital.

Realmente, diante da resposta que a classe tabalhadora e juventude ainda tem pra dar à essa crise imunda dos cima, a crise econômica de 2008/09 não passará de uma marolinha, mas dessa vez quem terá que pagar por ela são os magnatas e governos corruptos responsáveis pelo caos planetário que geram catástrofes que podem ser vistas do espaço.

A burguesia não pode mais seguir mandando porque seus projetos de rapina ameaçam o planeta. Todas as lutas no mundo árabe e mulçumano, como as da Europa ano passado, são um belo exemplo de como poderemos conquistar vida mais digna, o fim da tirania, mas é necessário não parar, como todas elas, temos que avançar nas lutas em todo o mundo até o socialismo. (M.B.)

"Pra ser feliz num lugar pra sorrir e cantar tanta coisa a
gente inventa, mas no dia que a poesia se arrebenta
É que as pedras vão cantar." Fagner
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A onda de protestos populares se estende pelo mundo islâmico
El Paiz - Ángeles Espinosa

Em Sanaá (Iêmen)

Vários países do Oriente Médio viveram na segunda-feira manifestações inspiradas nos recentes levantes populares no Egito e na Tunísia. De Teerã (Irã) a Sanaá (Iêmen), passando por Manama (Bahrein), centenas de jovens desafiaram a polícia ou milicianos para demonstrar seu descontentamento com o poder e exigir governos representativos. No Irã, onde as autoridades quiseram assimilar as revoltas árabes à Revolução Islâmica que as levou ao poder há 32 anos, os críticos do regime voltaram a sair à rua 14 meses depois que a repressão calou seus protestos. Dezenas deles foram detidos.

"Segundo testemunhas, as forças de segurança prenderam dezenas de manifestantes em diversas partes de Teerã", informou na segunda-feira à noite o site Kaleme, do líder de oposição Mir Hosein Musavi. Entre os detidos também esteve durante quatro horas o cônsul da Espanha em Teerã, Ignacio Pérez-Cambra.

Milhares de pessoas desafiaram a proibição oficial e responderam à convocação "em apoio às populações do Egito e da Tunísia", lançada na semana passada pelo próprio Musavi e por Mehdi Karrubi. Ambos continuam contestando a reeleição do presidente Mahmud Ahmadinejad em 2009, mas não haviam ousado convocar um novo protesto desde 11 de fevereiro do ano passado, quando fracassou seu apelo a manifestar-se pelo aniversário da revolução. Durante os seis meses anteriores, cerca de 80 pessoas foram mortas, centenas feridas e milhares detidas em uma onda repressiva sem precedentes desde os primeiros anos da República Islâmica.

Agora Musavi e Karrubi aproveitam o entusiasmo com que o regime abraçou as revoltas árabes para tentar recuperar o ímpeto perdido, ou pelo menos deixar claro o cinismo dos governantes. Desde que triunfou o levante na Tunísia, muitos jovens iranianos se perguntaram: por que a Tunísia podia e o Irã não? A resposta foi encontrada na segunda-feira. À diferença da Tunísia e do Egito, onde os militares decidiram não disparar contra os cidadãos, o monopólio da força no Irã é exercido pela Guarda Revolucionária, os temidos "pasdaran", uma espécie de exército ideológico cuja fidelidade ao regime está fora de dúvida.

Muitos ativistas criticaram que a convocação tenha sido feita com tanta antecedência. "Deram-lhes tempo suficiente para se preparar e abortar qualquer tentativa", afirmou no último fim de semana uma jovem profissional que simpatiza com os reformistas. De fato, as forças antidistúrbios esperavam os manifestantes desde antes das 15 horas e, de acordo com depoimentos colhidos pelas agências de notícias, os agentes dispararam gás lacrimogêneo para impedir que chegassem à Praça de Azadi (Liberdade). Também constataram que milicianos da força Basij percorriam as ruas em motos.

"Por volta das 17 horas, quando saía do meu trabalho na área de Fatemi, ouvi disparos. Algumas pessoas disseram que tinham sido para o ar, outras que havia feridos e inclusive mortos. Eu não vi, mas havia muitos policiais antidistúrbios", relatou a este jornal um jovem engenheiro que se surpreendeu ao ver mais gente que de costume na rua. "Parecia que estavam esperando algo", afirmou.

No início os manifestantes foram se reunindo em silêncio, mas pouco a pouco começaram a ouvir-se gritos de "Morte ao ditador" e "Hosein já, Mir Hosein", que se generalizaram durante os protestos de 2009. Alguns inclusive queimaram latões de lixo.

As forças de segurança também cercaram as residências de Musavi e Karrubi para impedir que pudessem participar da manifestação, segundo informaram seus sites. "Inclusive ameaçaram os seguranças de Musavi de não permitir que saíssem da casa por qualquer meio", afirma o site Kaleme, dando a entender a tensão.

Os dois dirigentes estão em virtual detenção domiciliar desde os protestos de 2009, mas na última quinta-feira as autoridades reforçaram a segurança em torno da casa de Karrubi e inclusive cortaram seu telefone depois que ele deu uma entrevista pela Internet ao "New York Times". O chefe do Poder Judiciário, Sadegh Larijani, reconheceu que não foram detidos para que não se transformassem em heróis, e que a decisão não está nas mãos dos juízes, mas do "líder supremo".

Como vem sendo habitual desde as eleições de 2009, as autoridades iranianas proibiram que a mídia estrangeira credenciada no Irã participasse da convocação. Por isso a informação é muito fragmentada e fica difícil estimar o alcance do protesto. Além de Teerã também houve manifestações em Isfahan, Shiraz, Rasht, Mashad e Kermanshahr, segundo diversos depoimentos. A agência Reuters informou sobre "dezenas de detenções" em Isfahan, a terceira cidade do país. À noite voltaram-se a ouvir os gritos de "Allah-u Akbar" (Deus é o maior) dos terraços da capital.

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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