Jair Bolsonaro (PSL) dormindo em plena sessão da Câmara dos Deputados (Foto: Reprodução). |
O
primeiro alvo foi o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM/RS), elevado ao cargo
de ministro da Casa Civil. Ele mesmo declarou ter recebido R$ 100 mil da JBS
dos irmãos Joesley e Wesley Batista, beneficiados pelos governos do PT e de
Temer a troca de propina. Porém as denuncias apontam outros repasses ao futuro
ministro. É dinheiro de caixa dois, um crime que, segundo declarações do super
ministro da justiça, Sergio Moro, é pior que corrupção. Mas ao ser questionado sobre
o caso, demonstrando um completo cinismo, Moro declarou: “Onyx já admitiu e
pediu desculpas”.
Mais dois
casos do novo gabinete estão sob suspeita. A futura ministra de Agricultura,
Tereza Cristina (DEM/MS), admitiu que como Secretária Estadual de Desenvolvimento
Agrário de MS, concedeu incentivos fiscais ao grupo JBS, sendo que mantinha
parcerias comerciais com esse grupo a quem arrendava uma propriedade. Ou seja,
legislou em causa própria já que se favorecia com essa medida de governo. Essa
denuncia foi feita em 2017 no acordo de delação premiada dos Batista com a PGR
e homologada pelo STF.
Finalmente,
o nomeado ministro de Meio Ambiente, Ricardo de Aquino Salles, um personagem de
ultra direita que durante a campanha a deputado pelo Partido Novo (não se
elegeu), defendeu o uso de armas contra a esquerda, o MST e a “bandidagem do
campo”, está em apuros. Este ex-secretario do governo Alckmin foi denunciado
pelo Ministério Público por improbidade administrativa e adulterar mapas do
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental Várzea do Rio Tietê, para
beneficiar setores econômicos. O valor da ação, segundo O Globo, é de R$ 50
milhões. Teremos um novo governo com velhas práticas.
O milagre de multiplicar patrimônios
Se sobre
o governo Bolsonaro paira um cheiro ruim, na sua família os indícios de
corrupção estão sendo muito mal explicados. Os primeiros dados de um
crescimento espetacular do patrimônio de Jair Bolsonaro e seus filhos Flavio,
Eduardo e Carlos, podem ser apenas a ponta de um iceberg que esconde uma massa
muito maior. Para quem, há menos de 30 anos, declarou ao assumir o cargo de
vereador: uma moto, um carro Fiat Panorama e dois lotes de pequeno valor em
Resende (RJ), ter hoje um patrimônio em torno de R$ 15 milhões, havendo se
dedicado exclusivamente à vida parlamentar, é um verdadeiro milagre.
Parte
desse milagre começou a ser desvendado nestes dias quando se descobriu o
“esquema Bolsonaro-Queiroz”, mediante o qual este último fazia repasses de
dinheiro para a família Bolsonaro. As origens dos repasses não estariam
esclarecidas, “ele tem que explicar. Pode ser e pode não ser, ele que explica…”
respondeu confuso o futuro presidente ao ser perguntado sobre os depósitos
realizados pelo policial militar Fabrício José Carlos de Queiroz, ex assessor
do deputado estadual Flávio Bolsonaro, em contas de sua família. Uma resposta
evasiva para quem prometia de forma contundente acabar com a corrupção.
As
movimentações de mais de R$ 1,2 milhões por parte de Fabrício Queiroz, homem de
confiança do presidente que atualmente é motorista de Flávio, chamaram a
atenção da Coaf (Conselho de Controle de Atividade Financeira). Queiroz recebia
depósitos de funcionários lotados no gabinete de Flavio e depois movimentava
essa conta em diferentes direções. Uma das favorecidas com R$ 24 mil foi
Michelle Bolsonaro, futura primeira-dama. Tanto a filha como a mulher de
Queiroz alternaram funções nos gabinetes de Flávio e do próprio Jair. Entre
janeiro de 2016 e o mesmo mês de 2017 fizeram depósitos em torno de R$ 100 mil
na conta movimentada por Queiroz. Estas denúncias aparecem como parte da
Operação Furna da Onça que levou dez deputados estaduais à prisão por receber
propina, que poderiam ser uma das fontes do dinheiro aparecido nessa conta.
Ainda há
muito para ser revelado sobre os esquemas que permitiram um salto espetacular
no patrimônio da família Bolsonaro. Ninguém acredita que vivendo apenas dos
salários do legislativo tenham acumulado um patrimônio de mais de R$ 15 milhões
em imóveis localizados nas áreas mais nobres do Rio de Janeiro como Copacabana,
Barra da Tijuca ou a Urca. Segundo a Folha de S.Paulo, “as transações que
resultaram na compra da casa em que Bolsonaro vive na Barra, têm, em tese,
indícios de uma operação suspeita de lavagem de dinheiro”. A casa, onde
Bolsonaro realiza seus encontros políticos, foi adquirida pelos antigos donos
por R$ 580 mil. Essa casa, ainda foi reformada e depois vendida para Bolsonaro
por um valor 31% menor (!?) o que para a Cofeci (Conselho Federal dos
Corretores de Imóveis) configura serio indício de lavagem de dinheiro.
O ex-juiz
e futuro Ministro da Justiça Sergio Moro, “paladino” contra a corrupção, ainda
não se manifestou sobre este caso. Aquele que ao ser nomeado foi descrito por
Bolsonaro como “um soldado, que está indo para a guerra sem medo de morrer”,
está morrendo de medo de investigar seu próprio chefe. Diz que não cabe a ele
dar explicações sobre relatórios da Coaf. Não poderia ser diferente, é a
justiça seletiva, a justiça dos ricos, a que manda milhares de pobres e negros
das periferias para a cadeia e poupa os poderosos. Moro sabe perfeitamente que
com um salário bruto de R$ 33,7, Bolsonaro nunca poderia ter esse patrimônio.
Mas isso que importa? Importa que ele no Ministério da Justiça, da mão de
Bolsonaro, está-se preparando para dar o pulo para uma cadeira no STF.
Denunciamos
Bolsonaro como a pior escolha para presidir o país. Estaremos diante de um
governo de extrema-direita, ultrarreacionário em relação às liberdades
democráticas e os direitos civis e ultraliberal em relação à economia. E está
claro que também será um governo que acobertará a corrupção. Foi uma escolha
ruim e equivocada dos trabalhadores que desesperançados dos governos
anteriores, optaram por votar em Bolsonaro.
Ao não
cumprir suas promessas, ao menos no referente à corrupção, o governo Bolsonaro estará
cometendo um novo estelionato eleitoral, além de estar disposto a criar sérias
dificuldades e grandes sofrimentos ao povo, como demonstram suas propostas.
Temos que nos unificar nas lutas, independente de em quem cada um votou, em
defesa de nossos direitos e na denuncia implacável deste governo que atacará o
povo trabalhador, que encobrirá a corrupção e que governará a serviço dos
interesses dos ricos e poderosos e do imperialismo norte americano.
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Fonte: CST/PSOL
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Fonte: CST/PSOL
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