sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Zenaldo privatiza rota fluvial Belém-Icoaraci

Com a logo da Prefeitura Municipal de Belém. Fonte: página da Expresso Tapajós no Facebook

O prefeito Zenaldo Coutinho (PSDB) colocou uma lancha catamarã da empresa Tapajós Expresso (imagem) ao incrível preço de R$ 10,00 para o breve trajeto de Belém - Icoaraci. 
Um crime desavergonhado de quem odeia o povo pobre e trabalhador, assim como de quem despreza o transporte público e a mobilidade ribeirinha-urbana.
Lembro da propaganda do Zenazenaldo aí. Vocês também lembram. Tinha aquela bonita computação gráfica feita pela galera do Orly que mostrava a promessa: lanchas velozes, a preços da tarifa metropolitana, portanto 2,70, entre Belém, Icoaraci, Mosqueiro, Cotijuba...
Tudo mentira! O "Papudinho" era tarado por Doca. O Zenaldo é tarado por privatização.
Adora fuder e propriamente tacar fogo no público, como fez com o maior hospital de pronto socorro municipal da Amazônia, para agradar meia dúzia de empresários e amigos financiadores de campanha. 
Morra o povo, é o que ele no âmago e íntimo diz. Nem precisa ir no fundo do poço para ver isso. Está visível como o mosquito transmissor da zica, dengue e chykungunha que está espalhado no lixo que Zenaldo transformou a cidade.
Nos 400 anos de Belém oficial da prefeitura, Zenaldo levou uma mijada. 
Senão literal, no estridente coro das vaias. Não foi o primeiro e não será o último.
Aqui a elite já mandou jogar merda em jornalista. Assim como aqui o povo já cortou a cabeça de governador. 
Um dia a poesia se arrebenta, as pedras rolam e tudo que é sólido se desmancha no ar.
Bom dia, Belém!
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P.S.: Na página da Tapajós Expresso, o texto diz que o serviço é "Em parceria com a Prefeitura Municipal".
Bem que o Ministério Público Estadual ou a sofrível Câmara Municipal de Belém poderiam investigar que " parceria" é essa que atenta contra o direito de ir e vir e mobilidade da população de Belém, que está em claro flagrante contra a legislação vigente acerca do transporte público de massa em Belém do Pará.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Sobre a difícil tarefa de "ganhar na mega sena"

Há três anos, a amiga e companheira de lutas, sonhos e conquistas, Samantha Caldas, escreveu esse texto sobre oo vestibular e sua relação (ou falta) com os jovens da periferia. 
Só hoje ele apareceu na minha linha do tempo no Facebook. Como a conheço, percebi que não era atual. Mas na verdade é atualíssimo. Desgraçadamente atual. Porque as mazelas, a crise social, política e econômica permanecem. Como permanecem o anseio de mudanças e de se vencer os obstáculos da vida, como o vestibular.
Novamente a juventude, principalmente, espera ansiosa a saída do listão. Novamente estamos na torcida.
Assim, decido abrir os trabalhos do Além da Frase de 2016 com este lindo e vivaz texto.
Boa leitura!

O jovem de periferia e a luta do vestibular
por Samantha Caldas

"Para eles, passar no vestibular é como ganhar na mega-sena" diz pesquisa feita com jovens da periferia de belém.
Eu não sabia o que escrever, ainda não sei.
Não é fácil lhe dar com essa mistura de sentimentos. Estou muito Feliz pelos que passaram. E muito triste pelos que não conseguiram. Me lembro bem do post que fiz no dia da prova do enem, alertei que não seria fácil, não pelo grau de dificuldade, mas pelo papel que cumpre o vestibular. Esse método vergonhoso de avaliação e segregação, um perfeito funil social. Quero dizer que ao longo dos meus 2 anos militando em secundaristas acompanhei muito de perto todo o sofrimento e batalha desses meninos e meninas que lutam por mais essa oportunidade, e que nem sempre conseguem.
Aos que passaram, quero dar os meus parabéns, pela sorte que tiveram e pela grande vitória, e dizer que a luta continua, que é apenas o início, ainda temos muitas batalhas a travar.
Aos que não passaram, parabenizo por terem lutado, e pela vitória de não serem parte do percentual alarmante de jovens que se quer conseguem chegar ao ensino médio. A esses eu deixo o forte abraço. Não vou dizer "ano que vem tem mais", mas sim: A luta continua! Por que isso que vocês fazem todos os dias: acordar cedo (tomar ou não café da manhã), pegar ônibus lotado, ir pra uma escola que na maioria das vezes não oferece as minimas condições para uma educação de qualidade, ficar direto, nem sempre comer, correr para o cursinho, passar a noite estudando e nas horas vagas ainda pensar "Preciso ajudar financeiramente meus pais em casa" Isso tudo, é uma grande batalha, uma batalha não só por um vestibular, mas por perspectivas, enfrentando não só os concorrentes, mas a logica dessa sociedade. Sociedade que é suja, desigual, injusta. O vestibular não divide vencedores e perdedores, inteligentes e burros. Não! Ele apenas divide, por que é impossível avaliar em um dia se as pessoas são capazes ou não .Todos vocês deveriam ter acesso a uma universidade pública e de qualidade. Todos deveriam ter essa oportunidade! E nós devemos continuar lutar por isso, por uma universidade realmente para todos.
Então, meus caros, para quem passou e para quem não passou, é hora de lutar, seja dentro ou fora da universidade.
Aos meus meninos e meninas do Vamos à Luta, deixo o meu abraço, e eu vou estar com vocês seja qual for a batalha. O importante é não desistir e lutar.
Vamos à Luta!
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Samantha Caldas é enfermeira e mestranda do CCBS/UEPA.