terça-feira, 22 de setembro de 2015

Madeira ilegal na Amazônia: MPF denuncia 30 acusados à justiça

Quadrilha coagia assentados a permitirem retirada ilegal de madeira em troca da manutenção do acesso a programas sociais
do site do MPF/PA
O Ministério Público Federal (MPF) encaminhou à Justiça denúncias contra 30 acusados de participação na quadrilha de extração e comércio ilegal de madeira desbaratada pela operação Madeira Limpa, realizada em agosto em vários municípios do Pará e em Manaus (AM) e Florianópolis (SC).
As denúncias contra cada um dos três núcleos formadores da quadrilha foram enviadas à Justiça Federal em Santarém, no oeste do Pará, no último dia 15. Além das 30 pessoas acusadas, quatro empresas também foram denunciadas.
Os crimes denunciados são estelionato, falsidade ideológica, receptação ilegal, corrupção passiva e ativa, apresentação de documentos falsos, violação de sigilo profissional, advocacia administrativa e crimes ambientais.
As penas para esses crimes chegam a até 12 anos de prisão e multa, e podem ser aumentadas por conta da quantidade de vezes que os crimes foram cometidos. Paulo Sérgio da Silva, o Paçoca, Gabriel Ventura da Silva e Sidney dos Santos Reis, por exemplo, foram acusados de inserir informação falsa em documento público por 481 vezes.
“Todos os elementos reunidos desvendaram uma verdadeira organização criminosa, estruturalmente ordenada, com divisão – ainda que informalmente – de tarefas, cujas atividades são espraiadas por toda a cadeia da exploração madeireira ilegal até a sua ‘legalização’ a partir de créditos florestais fraudulentos, passando pela corrupção de servidores públicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Estado do Pará (Semas), de Secretarias municipais de meio ambiente (Semmas), Secretaria da Fazenda do Estado do Pará (Sefa) e Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra)”, destaca o MPF.
Crime em vez de direitos - A quadrilha é acusada de coagir trabalhadores rurais a aceitarem a exploração ilegal de madeira dos assentamentos do oeste paraense em troca da manutenção de direitos básicos, como o acesso a créditos e a programas sociais. O prejuízo mínimo estimado ao patrimônio público é de R$ 31,5 milhões.
Segundo as investigações do MPF, iniciadas em 2014, o grupo atuava em três frentes interligadas: um núcleo intermediador e empresarial, um núcleo operacional centralizado no Incra e um núcleo relacionado às fraudes em órgãos ambientais.
Enquanto o primeiro núcleo concentrava os negociantes de créditos florestais fictícios (esses negociantes são conhecidos como “papeleiros”) e empresas que recebiam a madeira extraída ilegalmente, o segundo núcleo atuava diretamente com o desmatamento, sob a permissão de servidores do Incra, e o terceiro núcleo era responsável pela mercantilização de informações privilegiadas sobre fiscalizações realizadas por órgãos ambientais e pela liberação irregular de empresas com pendências nessas instituições.
“Um mercado que movimenta milhões anualmente, devasta o patrimônio da União concentrado nas florestas protegidas, corrompe setores da administração pública e desvirtua a política social de assentamento de colonos. Tudo numa corrida predatória de derrubada do patrimônio socioambiental em troca do espúrio enriquecimento ilícito”, registra o MPF.
Recursos contra solturas - Das 21 prisões realizadas pela operação Madeira Limpa, as prisões de seis servidores públicos (Francisco Elias Cardoso do Ó, José Maurício Moreira da Costa, Álvaro Silva Pimentel e João Batista da Silva, do Ibama, Manoel de Jesus Leal Ribeiro, da Sefa, e Adriano Luiz Minello, do Incra) foram revogadas pela Justiça Federal mediante a obrigação de os indiciados utilizarem tornozeleira eletrônica e ficarem afastados dos cargos por 30 dias, além da obrigação de pagamento de fiança e comparecimento em juízo. O MPF já recorreu contra a revogação dessas prisões.
Em relação ao secretário municipal de Meio Ambiente de Óbidos, Vinícius Picanço Lopes, ele foi libertado porque o prazo da prisão temporária chegou ao fim.

Denunciados do núcleo intermediador e empresarial:
Alcides Machado Júnior, o Juninho
Danilo Oliveira Fernandes
Edimilson Rodrigues da Silva, o Ed
Edmilson Teixeira da Silva
Empresa Madeireira Iller
Empresa Madeireira Iller Ltda
Everton Douglas Orth
Gabriel Ventura da Silva
Irio Luiz Orth
Isaías Sampaio Lima
Manoel de Jesus Leal Ribeiro (Sefa)
Paulo Sérgio da Silva, o Paçoca
Rodrigo Beachini de Andrade, o Rodrigão ou Bomba
Sidney dos Santos Reis

Denunciados do núcleo operacional:
Adriano Luiz Minello, o Adriano ou Gaúcho (Incra)
André Luis da Silva Suleiman
Charles Pires de Araújo
Danilo Campos Cardoso
Eloy Luiz Vaccaro
Empresa I. L. Viana
Empresa Polpas do Baixo Amazonas Ltda
Enilson Alcântara Pereira, o Negão
Idelcide Lopes Viana
Luiz Bacelar Guerreiro Júnior, o Bacelar (Incra)
Paulo de Oliveira Almeida Junior
Paulo Sérgio da Silva, o Paçoca
Ranieri Gonçalves Terra, o Ranieri
Vinícius Picanço Lopes (Semma de Óbidos)
Walderson do Egito Sena

Denunciados do núcleo de fraudes em órgãos ambientais:
Ademir Coutinho Ramos Júnior (Semas)
Aldenice Barreto Dias (Semas)
Álvaro Silva Pimentel (Ibama)
Francisco Elias Cardoso do Ó (Ibama)
José Maurício Moreira da Costa (Ibama)
João Batista da Silva (Ibama)
Paulo Sérgio da Silva, o Paçoca
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Fonte: http://www.prpa.mpf.mp.br/news/2015/caso-madeira-limpa-mpf-denuncia-30-acusados-a-justica

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Demissões e revolta nas ORM


O clima é sinistro. Toda vez que o telefone toca na redação é uma tortura. Ninguém consegue trabalhar. Fica naquela tensão: Quem será o próximo?!

Até nisso a patronal é sádica. 6 demitidos de manhã. Depois de chegarem. Ponto batido. Tudo normal. Pauta na mão. Preste a sair, a ligação. Vai lá ao DRH. 20, 15, 25 anos de casa.

De súbito, sem justificativa: "você está dispensado. A empresa agradece seus serviços". Seco. Novamente a ligação. Para quem será?!

Mais tensão. O Repórter vai ao DRH. As mesmas palavras. Sem justificativas. Secas. Destruidoras. A avassaladora sensação de ouvir, e nestes termos assediadores e violentos: "você está demitido!".

Volta à redação. Se abraça com os que ficam. Algumas palavras. Pega as coisas. Vai embora.

A tarde passa. A tensão segue. O estresse aumenta. Sem vontade de comer. Vazia passa. O DRH não ligou.

A noite chega. Um ar de esperança pela tarde de sofreguidão dos trabalhadores de O Liberal e Amazônia que comemoraram algumas horas de silêncio por parte da patronal.

Mas com a noite veio a mesma sanha. Da mesma forma. Um a um. Ligação após ligação. Ao DRH. Desempregado. Abraço nos que ficam. Solidariedade mútuas.

Aos não demitidos pesa a precarização e o aumento de exploração e horas de trabalho. Aos que ficam pesa a tortura das ligações da patronal. Se reclamar demito de novo. Mas acima de tudo, aos trabalhadores criminosamente demitidos e torturados pelas Organizações Rômulo Maiorana (afiliada da Rede Globo) e aos não demitidos, resta a possibilidade de se levantar e lutar contra todos esses abusos.

É preciso que os jornalistas se juntem a outras organizações da sociedade e façam manifestações publicas. Nas portas das ORM. É necessário denunciar as covardes demissões e os diários abusos cometidos pela patronal no estado.

Dia 18 vai ter uma grande marcha em São Paulo e um protesto em Belém do Pará contra os ajustes de Dilma, governadores e prefeitos, e contra os cortes de verbas, a carestia, demissões e políticas de arrocho dos governos e patrões.

A hora é de unificar as lutas e mobilizações!
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O texto faz referência a primeira "onda" de demissões nas Organizações Rômulo Maiorana em abril de 2015. Em agosto, os trabalhadores fizeram protesto e paralisações, dentre outras pautas, pelo pagamento devido das horas extras (foto/ fonte: Adufpa). 
Esta semana o grupo demitiu mais de 100 profissionais da imprensa. 
Os trabalhadores não podem pagar pela crise!

Desemprego e racismo no Brasil


por Makaíba

Segundo o IBGE, existem hoje quase 8 milhões de desempregados no Brasil. As demissões acontecem em alguns setores importantes da economia como na indústria (montadoras de automóveis), construção civil (empreiteiras ligadas as obras da Petrobras) e no comércio. E com o plano de ajuste econômico de Dilma e Levy tirando os direitos da maioria do povo trabalhador a serviço dos interesses do grande capital, a situação só tende a piorar, por mais que partidos da base governista, como PT e PC do B, insistam em afirmar o contrário.

O que de verdade esses partidos não dizem, sobre a onda de desemprego atual e o ajuste econômico do governo federal, é que as duas coisas são uma só: ou seja, é o custo da crise econômica capitalista mundial que cabe ao Brasil, colocado nas costas do trabalhador brasileiro. Da mesma forma como fazem os governos e partidos a serviço da burguesia grega, italiana, espanhola, etc., contra os trabalhadores daquelas nações europeias.

Mas, como estamos falando de Brasil, para sabermos mesmo quem são os mais prejudicados com a onda de desemprego atual e os que sofrerão diretamente com as drásticas consequências do plano de ajuste econômico da dupla Dilma/Levy, temos que levar em conta outros dados estatísticos do IBGE que dizem respeito ao percentual e as condições de trabalho dos “não-brancos” na população brasileira. E, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, não estamos falando de “minoria”, mas, da maioria da população. É que, quanto mais próximo do topo da pirâmide social brasileira, mais clara é a pele. Quanto mais próximo da base da pirâmide, mais a pele é escura. Nesse sentido, os negros (parcela da população que inclui pretos e pardos) são a maioria em 56,8% dos municípios brasileiros. E o maior número de trabalhadores negros está concentrada na indústria e no comércio.

Então, juntando os dados sobre o desemprego e os dados sobre o perfil da população brasileira, mais as consequências do plano de ajuste de Dilma/Levy, não é difícil de concluir que os mais prejudicados serão, mais uma vez, os negros e negras desse país. É, realmente a história por aqui continua se repetindo como uma farsa. A tal “democracia racial” nesse país não serve apenas para encobrir a tragédia do racismo made-in-brazil. Ela é útil também para “democratizar”, entre a maioria da população que é negra, os prejuízos na economia nacional produzidos pelo capitalismo brasileiro, administrado por uma minoria branca burguesa dominante, no meio de uma crise mundial.

Ao afirmarmos que a maioria negra da população será a mais prejudicada com a onda de desemprego e os ajustes na economia promovida pelo governo federal, não estamos desprezando a parcela de trabalhadores brancos que também será prejudicada. Com certeza trabalhadores brancos serão demitidos de acordo com as conveniências dos patrões. Só que numa sociedade, como a brasileira, que há diferenças étnicas além da divisão de classes, o racismo não é apenas um instrumento de dominação étnico, mas, também ideológico e político: ou seja, o racismo é uma ideologia a serviço dos interesses hegemônicos de uma classe dominante burguesa que também se vê como uma raça superior a maioria do povo. Que para se manter dominante, procura sempre ganhar aliados brancos nas classes subalternas com falsa similaridade racial.

E por que, além de classe, a elite dominante também se diferencia enquanto raça?

Porque o Brasil foi colonizado por brancos cristãos europeus que desde o início no século XVI, para ocupar as terras do “novo mundo”, não titubearam em massacrar, explorar, oprimir e impor a aculturação dos povos nativos (índios). Esses mesmos brancos cristãos europeus, também não hesitaram em traficar milhares de homens e mulheres negras da África por quatro séculos, para que, sob o terror da tortura e do assassinato, fossem explorados como força de trabalho escravo.

Para justificar a expansão do antigo sistema colonial europeu e o tráfico de mão de obra escrava, o racismo se desenvolveu na história moderna como uma ideologia da “superioridade” das “nações civilizadas” e sua importante missão de “civilizarem” as regiões do planeta consideradas “inferiores”, “primitivas” e “bárbaras”. Com essa justificativa, territórios inteiros foram ocupados e populações foram dizimadas pelos “povos superiores”.

Essa era a ideologia dos colonizadores e senhores de escravos no “Novo Mundo”. Essa era a ideologia dos colonizadores e senhores de escravos no Brasil. Tudo isso com o único intuito de acumular riquezas que deram a base material para formação de uma classe dominante, predominantemente branca e cristã, da qual descendem grande parte dos indivíduos que pertencem a contemporânea classe capitalista dos grandes comerciantes, industriais, empresários do agronegócio e banqueiros nacionais. E a classe dominante atual, além do legado genético e econômico, também herdou a ideologia racista de “superioridade” de seus antepassados.

E é com essa visão de raça e classe que a elite dominante e seu governo de plantão, com Dilma e Levy na condução do trabalho sujo, não vão titubear, como não titubearam seus tataravós colonizadores e senhores de escravos, em sacrificar a vida das negras e negros desse país, mais uma vez e quantas vezes forem preciso, para salvar seus lucros e a própria pele branca da catástrofe econômica mundial.

Diante disso, a única saída que resta para as negras e negros desse país é agirem como maioria que são dos trabalhadores e dos pobres brasileiros e juntos com a parcela dos trabalhadores brancos, como uma só classe, lutarem por seus direitos imediatos contra o desemprego e, a partir daí, organizarem uma mobilização permanente até derrotarem de vez a minoria branca de capitalistas e racistas que dominam esse país. Só dessa forma derrotaremos o poder e o racismo da classe dominante, a qual está submetido a grande parcela do povo brasileiro.
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Makaíba é militante da CST/PSOL-RJ

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Jader: uma história de assalto aos cofres públicos e de impunidade


Já vos caiu a ficha que Jader Barbalho (PMDB) pode ficar completamente impune?! 

Sem decisão final da justiça, seus crimes estão prescrevendo. Facilidades de um país onde corruptos fazem as leis. Legislam em causa própria.

Sobre ele pairam dezenas de denúncias. Processos recheados de documentos que comprovam os crimes de improbidade administrativa, de responsabilidade e de formação de quadrilha.

Do Banpará e da SUDAM foram bilhões desviados. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), a quadrilha liderada por Jader Barbalho, desviou só da SUDAM 1,2 bilhão de reais.

Ele e Tourinho chegaram a ser presos em 2002 (foto) por determinação da justiça federal no Tocantins. Doze denúncias apresentadas. Um arsenal de provas recolhidas por agentes da Polícia Federal, auditores da Receita Federal, e procuradores da República. Barbalho beneficiou-se do vergonhoso foro privilegiado.

A mamata era tamanha, que o político não titubeou em trazer os esquemas para sua intimidade. Refiro-me ao famoso caso do Ranário financiado pela Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia. 

Sua esposa era dona desse Ranário (criação de rãs). De tão famoso, o caso virou filme de diretor americano, foi exibido no Festival de Roma e mostra a conexão entre corrupção e violência (http://www.bbc.com/portuguese/reporterbbc/story/2007/04/070426_mandabaladiretorbg.shtml).

Seu apadrinhado antigo, colega ginasial e amigo, Arthur Tourinho (o mesmo que presidiu o Paysandu), foi escolhido para ser o seu homem na SUDAM. 

A fome com a vontade de comer

É vergonhoso saber que para grandes bandidos, os que roubam muito, políticos como Jader e Renan Calheiros (PMDB/AL), que não podem, segundo a lei, mas que têm verdadeiros impérios de comunicação, não têm o peso da Lei.

Para eles chá, café, banquetes e tapinha nas costas. Tudo pago com dinheiro do contribuinte. 

Mas acima de tudo: para eles, o doce gostinho da impunidade. Tourinho também se beneficiou de foro privilegiado, pois elegeu-se deputado estadual em 2002. Lógico, pelo PMDB de Jader.

Jader Fontenelle Barbalho está solto. É senador da República. O filho, ministro. A ex esposa, deputada federal. O primo, deputado federal (que o protegeu muit,  quando presidente da 'Comissão da Amazônia' da Câmara Federal). 

Até hoje, passados anos e dezenas de kilômetros de processos nas varas judiciais de 1ª, 2ª e 3ª entrâncias, nenhum centavo (nenhum!) foi devolvido aos cofres públicos do Pará e do país.

Jader está solto. Podre de rico. Dono de latifúndios. Segundo o jornalista Alceu Luís Castilho escreveu em seu livro Partido da Terra, o político paraense é membro efetivo do violento e escravocrata "partido da terra" (bancada ruralista no Congresso Nacional).

Uma história que merece ser contada, lida, vista, repudiada. Pois uma história de vil rapina. O enredo é marcante e não faria feio, se confrotado, com qualquer série no Netflix.

Baiano concorda com delação premiada e pode demolir Eduardo Cunha e parte do PMDB

O acordo com a PGR prevê, pelo menos, outro anexos aonde ele detalhará sua participação no esquema da Petrobras. O lobista deve continuar preso na Polícia Federal até novembro. 



De acordo com o consultor e delator Julio Camargo, Baiano é “sócio oculto” do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e teria recebido propinas de US$ 10 milhões pelos contratos dos navios-sondas. Desses, US$ 5 milhões teria ido para Cunha. O presidente da Câmara nega a acusação.

Baiano passou a quarta-feira prestando depoimentos na sede da Polícia Federal em Curitiba. A reportagem apurou que o operador já falou sobre três dos oito anexos inicialmente previstos no acordo. Entre os temas acordados, está a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. E a participação de políticos ligados ao PMDB no esquema.

Durante os dois meses de negociações para colaborar com a Justiça, Baiano adiantou aos investigadores de que o pagamento de propina relativas a refinaria americana não seu deu em 2006, quando a Petrobras comprou 50% da refinaria da Astra Oil. E, sim, durante as negociações para compra dos outros 50% da empresa a partir de 2008.

O acordo de Baiano pode alavancar outra colaboração emperrada na PGR: a do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró.
Isso porque Baiano não soube explicar em detalhes como as negociações para a aprovação de Pasadena foram feitas internamente na Petrobras. Cerveró se comprometeu a entregar dados de como dirigentes da estatal participaram do esquema montando para a compra de Pasadena.

Fernando Baiano é apontado pelo doleiro Alberto Youssef e outros colaboradores como o operador do PMDB no esquema de corrupção na Petrobras. Teria sido ele o operador de propinas do principal partido da base aliada do governo Dilma.
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Fonte: http://br29.com.br/baiano-fecha-delacao-premiada-e-pode-demolir-eduardo-cunha-e-parte-do-pmdb/

O homem que amava os gatos e os cachorros

Chico Braga, de pescador a compositor, músico, cantor e mestre praiano de carimbó

Lamento profundamente a morte do compositor e cantor de carimbó Chico Braga, 60. A nossa arte hoje canta de forma distinta.

Chico Braga um ser distinto. Na Ilha, ligado no mundo. Artista sem igual.

Dois dias distintos próximo ao mestre. Foi mestre, educador, parceiro, amigo, rival.
Tem até foto.

Isso foi no verão amazônico de julho de 2014. Ilha de Algodoal.

Ficamos cantando carimbó a madrugada inteira, após o ter reencontrado exatamente no mesmo lugar onde tinha se apresentado há umas 4 ou cinco horas.

Ele, eu, sua cachorrinha e a garrafa de abisinto. Ele provou. Gostou. A cachorra,  que de vez em quando me dava uma mordidinha no calcanhar. "É ciume, é ciúme", ele dizia. Compus um carimbó com ele..

Parei. Pensei não estar no caminho certo. Ele disse surpreendentemente: "Continue, continue".
Pela terceira vez percebi a presença do dono do bar lá em cima. Me despedi. Ele ficou lá com a cachorrinha, com sua voz única, cantando.

Chico Braga era uma figura controversa. Tinha, como todo mundo, seus problemas. Um deles era votar no PSDB, devido suas políticas clientelistas para com os artistas.

"Chico Braga mora na praia. Em cima daquele morro".
Chico Braga criava gato, Chico Braga criava cachorros. Para eles, todos os dias, fazia "seu mingau".

domingo, 6 de setembro de 2015

A Síria é aqui


por Marcel Padinha

Tô aqui pensando em um monte de coisas... em um monte de ações que poderiam e podem ser tomadas para barrar essa barbárie. Mas... acima de tudo estou pensando na força que tem uma imagem... na força da mídia. E ao mesmo tempo na força da imagem de uma criança morta. Por tudo que uma criança representa ou achamos que possa representar. Falo isso, porque vivi e vivo Belo Monte.

O lugar no Brasil onde há pelo menos 04 anos mais se vitima mulheres no Brasil, crianças e adolescentes inclusive.

Altamira enterrou há alguns meses os corpos de 04 pessoas, uma delas criança de 09 anos. Estava desaparecida durante meses. Foi encontrado seu corpo...

Estuprada e morta. Estuprada e assassinada em um lugar que se tornou completamente estranho para ela.  A cidade onde viveu seus nove anos, a cidade onde por costume brincava na rua... o holocausto do mundo está na esquina.

A geopolítica do mundo é o nosso quintal. Há um mês cinco jovens foram assassinados cruelmente pela polícia em Altamira... que nunca negou o crime, inclusive.

Isso não circulou, não virou imagem... Não era na porta da Europa.

Hoje, em virtude da política de remoção das famílias atingidas por Belo Monte, trocam-se casas, ruas e vizinhos...  Em uma palavra: trocam-se vidas e dignidade por verdadeiros campos de refugiados dos grandes projetos feitos pelo governo em parceria siamesa junto as grandes empreiteiras....

Tô aqui pensando em nossas crianças... em nossos jovens.... em nossos lugares de existência e dignidade.

Estou aqui pensando que só a luta muda a vida para melhor.
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*Marcel Padinha é professor da Faculdade de Geografia da UFPA

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Parar Belo Monte, barrar o ajuste e construir o dia 18 de setembro

Abraço na Ilha do Arapujá. Povos tradicionais, militantes e estudantes da UFPA denunciam destruição causada por Belo Monte
Dilma e empreiteiros presos na Lava Jato promovem cenas piores do que as que são mostradas no filme Avatar, na região do rio Xingu, Pará. 

Trata-se da criminosa usina de Belo Monte. Todos os dias chegam imagens que se superam entre si. Como as que ilustram um protesto realizado hoje (fotos) na Ilha do Arapujá, município de Altamira-PA, rio Xingu. Uma forma de denunciar a catástrofe ambiental e humanitária em curso na região.

Não foi por acaso que James Cameron, diretor do filme Avatar e uma das famosas atrizes desta produção, estiveram visitando e alertando para os impactos do empreendimento hidrelétrico na região do Xingu. Isto foi antes do início das famigeradas e assassinas obras. Infelizmente a realidade com suas bombas, máquinas, desmatamento, concretos, produtos tóxicos, químicos, miséria e fome, de longe, superam o que Hollywood produziu. 

Metáfora e vida real conseguem desgraçadamente se encontrar no Pará. 
Só a nossa luta e mobilização de forma unificada, poderá por um fim em toda essa destruição de nossa fauna, flora, rios, populações tradicionais e povos indígenas!

Unificar as lutas
O dia 7 e o 18 de setembro serão dias de denunciar essas e tantas outras barbáries e de lutar para derrotar o vergonhoso ajuste fiscal de Dilma-Levy, governadores e prefeitos!

Diversas entidades e organizações sociais, como a CSP Conlutas, Intersindical, Combate, Unidos pra Lutar, Anel, Vamos à Luta e Juntos já assinam convocatória para atos nos estados e um grande protesto na avenida paulista dia 18 de setembro. Esse é o caminho contra a falsa polarização entre governistas e tucanos!

Todos são corruptos e defendem o ajuste! Fora todos! É preciso uma nova Assembleia Nacional Constituinte que reorganize o país. Que acabe com a sanha e a rapina de madeireiros, latifundiários e empreiteiros sobre a Amazônia! 

Uma nova Assembleia irrestrita e soberana que ponha para fora todos (PT, PCdoB, PMDB, PSDB) e na cadeia os corruptos! 
Que ponha fim aos privilégios de políticos e confisque os bens dos corruptos! Que aumente imediatamente os salários dos trabalhadores e servidores públicos, e que congele todos os preços dos produtos da cesta básica, do combustível, moradia e transportes!

Fotos: Anderson Barbosa/Maria Elena Silva)

No mês de outubro

Todo segundo domingo de outubro ocorre o Círio de Nazaré. Milhões de pessoas nas ruas. Com fé ou sem fé. O fato é que todo mundo se vê tocado ou envolvido pela romaria. 

E romaria pode remeter a Maria ou Roma. As duas coisas. E quem tem boca vai à Roma. Quem tem boca ou não se delícia com um número sem fim de gostos, cheiros, cores e sons que acompanham esses festejos. Durante, antes e depois desse dia do senhor de outubro, que em Belém é dedicado à mãe: Maria de Nazaré. 

Quinze dias de festas. Coisas que tem em todo arraial. Roda gigante, maçã do amor, pescaria, frituras, gorduras, comidas típicas, terços, produtos artesanais e religiosos. Mas com milhões de pessoas, casas e hotéis lotados com gente da capital, interior e outras regiões do país e até mesmo do estrangeiro, o que não poderia faltar são motivos para distintas atividades, o outro lado de toda festividade religiosa: o lado profano. 

E que delícia de lado! Auto do Círio, Palhaços Trovadores, Vacas Profanas, Chiquita, Cordão do Peixe Boi, Círio Fluvial, peças, festas, bares e teatros burbulhando em todos os cantos da cidade. 
Afinal, como diria Elói Iglesias (cantor e ícone gay do Pará) no filme As Filhas da Chuiquita: antes de mais nada "o Círio é gente, gente, gente, muita gente". E gente gosta de ser feliz. 

Em busca da felicidade e de mais algumas gotas de bebida, Maria interveio e Jesus fez seu primeiro milagre. Água em vinho. Felicidade. 

O Círio Fluvial sem dúvida é um belo capítulo a parte. Antes dele, na sexta, tinha o baile de Cametá. Geralmente era no Marista ou na sede social do Clube do Remo. Banda Caferana, Banda Halley, Kim Marquês, Mestre Cupijó e Banda. Mestre Cupijó arrebentada com seus mambos, sambas de cacete, siriás. A felicidade era tanta, que quando o Mestre tocava eu já nem mais lembrava. Lembro, isso sim, que sempre tinha meus irmãos, parentes e amigos. 

Certa vez, de lá, fui rolando e quando vi estava no Bar do Parque. Eram umas cinco e meia. Pedi a última. Encontro um primo que mora "pras Zoropa". Pavulagem grande. Estávamos atrasados para pegar o Rodrigues Alves. A romaria fluvial sai as 7 de Icoaraci. A gente as 6 do Palmeiraço.

Hoje, vou no Amazon Norte ou Cidade de Santarém. Tem tudo para todos os gostos. Como no Rodrigues Alves e navios alugados para a arquidiocese e turistas em geral: reza, comida e felicidade. 

No meu caso, ano passado já cheguei feliz. O Círio é fé, corda, romarias, mas também uma cadeia de eventos, curtições, festas, encontros, a "marvada" da felicidade. Estava em alguma festa. Para não chegar em casa e perder horário, resolvi chegar logo cedo. No navio tomei um banho e vesti a camisa do propósito.

Para alguns a romaria fluvial é passeio, para uns fé. Por 30 reais você tem café da manhã, missa e no terceiro andar, felicidade. Muita felicidade. E viva nossa senhora de Nazaré!
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P.S.: Felicidade pode se encontrar na água, no vinho, nas coisas simples da vida. E o Círio é só um capítulo a parte. Um capítulo com milhões de possibilidades. Que o diga a Turma da Mônica e seus criadores, que vieram de outras bandas fazer censura com jornalista paraora. Com censura e intolerância o Círio não combina.